Escândalo dos grampos faz chefe da Scotland Yard pedir demissão
Escândalo dos grampos faz chefe da Scotland Yard pedir demissão
Paul Stephenson, chefe da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard, anunciou neste domingo (17/07) sua renúncia após ter sido envolvido no escândalo de escutas ilegais e subornos do tablóide News of the World. Stephenson tinha sido criticado nesta semana por ter mantido até setembro de 2010 o ex-sub-diretor do jornal sensacionalista Neil Wallis como consultor na Scotland Yard, e que foi detido nesta semana pelo escândalo.
A imprensa britânica publicou que Stephenson passou neste ano cinco semanas em um balneário de luxo patrocinado por Wallis, algo negado pela Scotland Yard, que no entanto admitiu que seu comissário-chefe não abonou essa visita, avaliada em 12 mil libras (equivalente a 13,7 mil euros), pois correu a cargo do gerente do centro.
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A polícia britânica está sendo muito pressionada porque, além de concluir a investigação das escutas ilegais em 2007 com a mera detenção de duas pessoas, alguns agentes aceitaram durante anos subornos do tablóide em troca de informação.
A inesperada renúncia de Stephenson, aceita pelo prefeito de Londres, Boris Johnson, se produz no mesmo dia que foi detida Rebekah Brooks, ex-conselheira da News International, a empresa de Murdoch no Reino Unido, por suposta relação com os subornos e escutas ilegais desse tabloide.
Em entrevista coletiva, Stephenson anunciou neste domingo que sua decisão de abandonar Scotland Yard se deve à necessidade de manter sua "integridade" intacta e assegurou que não tinha conhecimento da extensão de escutas telefônicas e subornos de News of the World quando em 2007 a investigação foi concluída, enquanto lamentasse que não foram analisados então todos os documentos do caso.
"Tomei esta decisão como consequência das atuais especulações e acusações relacionadas com as relações da Scotland Yard e News International a um alto nível, e em particular em relação com Neil Wallis", detido na quinta-feira, disse Stephenson.
Wallis, ex-diretor-executivo do News of the World, foi detido no dia 14 sob a suspeita de conspirar para interceptar comunicações durante sua época nessa publicação.
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Guaidó é acusado de pedir desbloqueio de US$ 53 milhões aos EUA para governo paralelo
Valor seria 'orçamento anual' do gabinete do líder opositor, denuncia Jorge Rodríguez, presidente do Poder Legislativo
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, denunciou nesta terça-feira (13/04) que o ex-deputado Juan Guaidó pode desbloquear US$ 53, 2 milhões (cerca de R$265 milhões) nos Estados Unidos para manter a estrutura do governo paralelo.
Segundo Rodríguez, Guaidó e seus aliados enviaram um orçamento anual ao Escritório de Controle de Bens Estrangeiros (OFAC - sigla em inglês), unidade do Departamento do Tesouro, que libera os dólares diretamente das contas venezuelanas em bancos nos EUA.
O montante seria dividido entre o gabinete da presidência de Guaidó, os seus escritórios de Assuntos Exteriores, deputados da antiga Assembleia Nacional, que seriam parte do seu “Conselho Administrativo”, e o canal TV Capitólio, responsável por cobrir atividades da oposição.
Somente para gastos pessoais do ex-deputado Juan Guaidó teriam sido indicados US$ 2 milhões. Os repasses atingem membros dos quatro maiores partidos da oposição, chamado G4: Vontade Popular, Primeiro Justiça, Ação Democrática e Um Novo Tempo.
Com base em gravações telefônicas do ex-deputado Sergio Vergara, assessor de Guaidó, a AN pode ter acesso aos detalhes do esquema de desvio de dinheiro público venezuelano.
Vergara foi um dos assessores de Guaidó que assinou o contrato com a empresa militar Silverscorp para colocar em prática a Operação Gedeón – tentativa de invasão paramilitar de maio de 2020.
Desde 2019, a Casa Branca reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente encarregado da Venezuela, deixando sob sua responsabilidade o gerenciamento dos ativos públicos venezuelanos nos Estados Unidos, incluindo a maior empresa pública da Venezuela no exterior: Citgo Petroleum, filial da Pdvsa.
A Citgo é avaliada em US$ 7 bilhões e tem uma capacidade de refino de 759 mil barris de petróleo anualmente. Entre 2015 e 2017, teve um lucro de cerca de US$ 2,5 bilhões (R$ 10 bilhões). No esquema revelado por Jorge Rodríguez, a diretoria da Citgo teria acesso a US$ 1,15 milhão do orçamento.

Presidente da AN apresentou detalhes do esquema de desvio do dinheiro público venezuelano por parte da oposição aliada a Guaidó
O valor depositado nas contas dos opositores deveria servir para pagar gastos com transporte, alimentação, segurança e seus salários, como assessores políticos nomeados pelo autoproclamado Guaidó.
"Esse dinheiro tem servido para comprar suas mansões em Miami. Roubar é a única atividade na qual Guaidó teve êxito", declarou o presidente do Legislativo.
Neste ano, a OFAC solicitou ao setor guaidosista recortar o "orçamento" e este seria o motivo da reunião liderada por Vergara, que detalhou o passo a passo do repasse do dinheiro no exterior à oposição.
Em resposta ao pedido do Departamento do Tesouro, Guaidó teria encerrado o programa "Heróis da Saúde", criado em 2020, para oferecer um bônus de US$ 100 como recompensa aos profissionais que trabalham no combate à pandemia na Venezuela.
"Eles se roubam entre eles mesmos", acusa Rodríguez e aponta que, neste momento, há uma disputa dentro da oposição venezuelana entre Juan Guaidó e Leopoldo López, do partido Vontade Popular, contra Júlio Borges (Primeiro Justiça) e Henry Ramos Allup (Ação Democrática), para liderar o bloco opositor de extrema-direita e ter prioridade no acesso aos recursos financeiros.
A Venezuela denuncia que possui US$ 7 bilhões bloqueados em entidades bancárias nos Estados Unidos e na União Europeia.
O governo venezuelano denuncia que Guaidó não cumpre com acordos assinados no ano passado para o desbloqueio de parte do dinheiro público que seria destinado para um fundo de combate à pandemia, gerenciado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Na última semana, Guaidó conseguiu sacar cerca de US$ 30 milhões (aproximadamente R$ 150 milhões) dos fundos depositados em Londres para cobrir gastos pessoais, mas se negou a liberar as reservas de ouro venezuelano retidas no Banco da Inglaterra.