Depois de talibãs ameaçarem decapitar soldados norte-americanos e militantes afegãos atacarem uma delegação governamental, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiu anunciar que vai investigar o massacre que aconteceu em Kandahar, no Afeganistão, no último final de semana.
As reações locais vêm como resposta ao assassinato de 16 civis protagonizado por um soldado norte-americano da Isaf (Força Internacional de Assistência para a Segurança, na sigla em inglês). Barack Obama havia, anteriormente, lamentado o ataque, mas o Talibã deixou claro que isso não é suficiente.
Um porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, declarou a intenção de vingança contra as tropas norte-americanas: “o Emirado Islâmico mais uma vez alerta os animais americanos que os mujahideen (termo que o grupo usa para se descrever) vão vingá-los e, com a ajuda de Alá, vamos matar e decapitar seus sádicos soldados assassinos”, segundo informou a Reuters.
Na manhã desta terça-feira (13/03), uma delegação do governo do Afeganistão foi atacada por militantes quando visitava o local do massacre. Dois irmãos do presidente afegão, Hamid Karzai, faziam parte do grupo, que saiu rapidamente do distrito de Panjwai, na região de Kandahar. Pelo menos um soldado afegão foi morto. Ainda no mesmo dia, cerca de 600 estudantes participaram de um comício na cidade de Jalalabad condenando o assassinato das 16 pessoas em Kandahar.
O presidente norte-americano, também nesta terça, decidiu se posicionar de maneira mais enfática sobre o caso, assegurando que será realizada uma profunda investigação dos responsáveis. “Os Estados Unidos levarão esse assunto como se (os mortos) fossem seus próprios cidadãos ou seus filhos”, disse Obama, segundo noticiou a Agência Efe. “Isto não representa nossas Forças Armadas”, afirmou. O Parlamento afegão já exigiu os norte-americanos envolvidos no massacre tenham um julgamento público.
Massacre
Um soldado norte-americano, ainda não identificado, saiu de uma base militar em Kandahar, reduto talibã, no domingo, e matou os moradores de três casas de vilarejos próximos. Os corpos das vítimas, que incluíam nove crianças e três mulheres, foram queimados pelo soldado. Semanas antes, soldados norte-americanos queimaram exemplares do Alcorão, gerando levantes contra os EUA no país.
A imprensa norte-americana aponta um soldado de 38 anos, ainda sem identidade revelada, como o responsável pelo ataque realizado no domingo. De acordo com o que foi divulgado, o suposto autor do massacre seria um franco-atirador treinado para matar a 800 e já passou período no Iraque. Ele está sendo mantido em local não revelado, segundo a BBC.
Retirada das tropas
Obama, que prometeu retirar as tropas norte-americanas do Afeganistão quando se elegeu, em 2008, afirmou que não haverá pressa para que aconteça a saída dos soldados. O cronograma dos EUA prevê que os norte-americanos deixem o país completamente em 2014. “Estamos constantemente trabalhando na transição das funções aos afegãos. Isso vai nos permitir trazer nossas tropas de volta para casa”, disse Obama.
A ONU estima que quase 12 mil civis e cerca de 1.800 soldados norte-americanos já tenham morrido durante a atuação dos EUA no Afeganistão, que já dura mais de dez anos. Os bombardeios no Afeganistão tiveram início menos de um mês depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, tendo como justifcativa o combate ao terrorismo e a eliminação da rede Al Qaeda.
*Com agências de notícias
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