Guillermo Suárez/Opera Mundi
Henrique Capriles ainda não decidiu se será candidato a reeleição do governo do Estado de Miranda
Vestindo calça e casaco tricolor, representando as cores da bandeira venezuelana, o candidato derrotado à Presidência da Venezuela e governador de Miranda, Henrique Capriles, tentou demonstrar, dois dias após as eleições, como será a oposição que vai praticar em relação ao governo de Hugo Chávez.
Capriles admitiu que o golpe de 2002 e o boicote às eleições parlamentares de 2005 trouxeram muitos prejuízos à oposição e garantiu que quem tiver planos que não respeitem a vontade popular, ficará de fora do projeto político da MUD (Mesa da Unidade Democrática).
“Se os resultados não nos favorecem, temos de admitir. O que o povo diz é sagrado, o desafio é conquistar as pessoas. Eu sou um democrata e não vamos entrar na anti-política e no radicalismo que tanto prejuízo trouxeram ao país. A verdade é que quem ganhou foi o governo, não a Venezuela”, arrematou, afastando-se de qualquer tentativa de tomada de poder forçada.
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“Quando a Vinhotinto perde um jogo, saímos do estádio com ressaca, mas no próximo jogo estamos apostando neles”, disse, fazendo uma comparação com a seleção de futebol do país. “Nosso próximo jogo serão as eleições para governadores. Chegará a hora do futuro.”
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Nesta terça-feira (09/10), o candidato derrotado ofereceu uma coletiva aos meios de comunicação internacionais que ainda se encontram na Venezuela por conta da cobertura das eleições do último domingo (07/10).
Capriles continuou usando o governo do Brasil como exemplo para fazer comparações com a atual governo. “O Brasil é a primeira grande potência agrária sem expropriar nenhum terreno. No Brasil há limitações para o uso da televisão”, afirmou, considerando abusiva a utilização de cadeias de rádio e TV por parte de Chávez.
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Capriles defende que a oposição tente assumir o poder na Venezuela apenas por vias democráticas
O governador de Miranda, porém, não respondeu a pergunta elaborada pelo Opera Mundi, se preferiria ter relações partidárias com PT ou PSDB. “Temos relações com muita gente no Brasil. Quanto aos partidos brasileiros, com todo respeito, o tema não é quantos amigos temos lá fora, mas quantos temos aqui dentro”, disse. Capriles chegou a criticar o vídeo de apoio do ex-presidente Lula ao candidato Hugo Chávez, usado na campanha. “Não precisei de vídeo de outros países, com outros presidentes levantando minha mão.”
Capriles deve se esforçar para manter a oposição dentro do jogo democrático e tornar-se seu principal líder. Nos próximos meses, ele deve participar da campanha de diversos candidatos a governador e prefeitos.
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O candidato derrotado não respaldou os protestos que questionaram a legitimidade do resultado eleitoral no país
Desde domingo, circulam na internet versões diversas de que Chávez teria alterado os dados do conselho eleitoral, ou que, por meio de um cabo transoceânico entre Cuba e Venezuela, conseguiu usurpar votos da oposição através de hackers. Esses boatos chegaram a fazer com que jovens protestassem queimando lixo e colchões na praça Altamira, município Chacao, na última segunda-feira (08/10). Capriles, no entanto, não respaldou as manifestações.
Ele ainda não decidiu se vai se candidatar a reeleição ao governo do Estado Miranda. “Vou anunciar em breve.”