Foi convocada para esta terça-feira (04/12) uma passeata rumo ao palácio presidencial no Cairo em protesto contra proposta de nova Constituição egípcia, aprovada pelo presidente Mohamed Mursi neste sábado (01/12) e sujeita a referendo popular em 15 de dezembro.
Efe (02/12/2012)
Membros da Irmandade Muçulmana se manifestam no Cairo. No cartaz, “o povo apoia a decisão do presidente”
A passeata é em favor da decisão da Suprema Corte egípcia, que anunciou ontem a paralisação total de suas sessões por tempo indeterminado. Responsáveis por legitimar a Assembleia Constitucional, os juízes foram impedidos de entrar no prédio da Corte por integrantes da Irmandade Muçulmana, partido do qual o presidente fazia parte.
Este é o mais recente capítulo do embate entre o poder judiciário egípcio e Mursi, que garantiu para si mesmo, no último dia 22 de novembro, poderes extraordinários e imunidade em relação aos outros poderes. Após o anúncio do referendo, ao menos 200 mil pessoas passaram o sábado nas ruas do Cairo em apoio ao presidente, e depois se deslocaram para o prédio da Corte, cercando-o durante a noite. Ao mesmo tempo, 50 mil se reuniram na Praça Tahrir em oposição ao presidente. Protestos a favor e contra Mursi continuaram no domingo.
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A suspensão das atividades da Suprema Corte coincide com o anúncio ontem do presidente do Clube de Juízes, principal associação da magistratura egípcia, Ahmed el Zend, de que os magistrados do país decidiram não supervisionar o referendo.
O boicote à consulta popular faz parte da oposição a Mursi, criticado por ter aprovado poderes supostamente maiores do que do ex-ditador Hosni Mubarak. Além disso, ele aprovou uma minuta ambígua em relação aos direitos humanos e minorias, sem garantias explícitas dos direitos das mulheres no país, filiada ao partido religioso da Irmandade Muçulmana e protetora do Exército, que poderia aprovar o orçamento militar sem supervisão do Parlamento. Membros mais liberais da Assembleia se retiraram em objeção ao texto, alegando não ter vez entre a maioria islâmica.
Já apoiadores de Mursi e da Irmandade Muçulmana dizem que os juízes são ainda resquícios da Corte Militar da época de Mubarak. Entre os pontos vistos como positivos do rascunho da Constituição está a limitação do mandato presidencial a no máximo dois períodos de quatro anos. “Deixem que todos – os que concordam e os que discordam – tenham sua voz no referendo”, declarou o presidente egípcio.
* Com informações do NYT, Associated Press, The Guardian, Common Dreams e Al Jazeera