Atualizada às 23h52.
O candidato derrotado na eleição presidencial na Venezuela, Henrique Capriles, suspendeu nesta terça-feira (16/04) marcha marcada para amanhã até o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), onde disse que formularia pedido para recontagem dos votos. “Amanhã não vamos nos mobilizar e eu peço a todos os meus seguidores que se recolham”, afirmou Capriles, confirmando que apesar de cancelar o ato, a solicitação será formalizada na quarta-feira.
Mais cedo, o presidente Nicolás Maduro havia dito que proibiria a marcha convocada pela oposição para evitar mais violência nas ruas. Atos de violência registrados ontem em todo o país deixaram um saldo de pelo menos sete mortos, 61 feridos e diversas instalações públicas, como centros de saúde, danificadas.
Três CDIs (postos de saúde) foram incendiados, matando três pessoas. Em La Limonera, o militante chavista Luis Ponce, de 45 anos, foi morto por motoqueiros encapuzados. Dois militantes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) foram assassinados nos Estados de Táchira e Zulia, além de um policial. Também há um morto no Estado de Sucre.
O governo venezuelano acusa a oposição de liderar as agressões. “A marcha ao centro de Caracas não será permitida, vocês não vão encher de morte e sangue o centro de Caracas. Não vou permitir. Façam o que quiserem fazer. Usarei mão dura contra o fascismo e a intolerância”, disse o presidente eleito.
Capriles, por sua vez, responsabiliza o governo de Maduro: “Quem sair está do lado da violência, quem sair está fazendo o jogo do governo, o governo quer que haja mortos aqui no país”, falou Capriles. Segundo ele, o governo estaria planejando infiltrar pessoas na na concentração para provocar distúrbios. “Todos os que estão aqui, estão dispostos a abrir um diálogo para que a crise seja resolvida nas próximas horas”, afirmou Capriles, dirigindo-se ao governo, que segundo ele utiliza a violência para “esconder” sua petição de auditoria do processo eleitoral.
“Eu ainda não ouvi a estas horas do senhor Maduro uma solução para o problema que o país vive (…), uma proposta para sair desta crise”, afirmou o opositor, durante entrevista coletiva para a imprensa venezuelana e estrangeira. Respondendo a Opera Mundi sobre provas que corroborariam sua acusação, Capriles se restringiu a afirmar que não pode revelar quem são seus informantes, que seriam das Forças Armadas e da inteligência do país.
“Sobre qualquer ato de violência eu sim responsabilizo o governo. Eu fiz concentrações de milhares de pessoas no país”, afirmou, sobre seus atos de campanha, “e nenhum incidente foi registrado”. “Quando o governo insta, incita, algum incidente se dá”, disse ele, que convocou um panelaço “pacífico”, sem que as pessoas saiam de suas casas.
Capriles afirmou querer a recontagem dos votos e a comparação de cadernos de votação e de atas eleitorais com os resultdos. Segundo ele, diversas irregularidades foram detectadas na jornada eleitoral e as provas serão encaminhadas ao CNE com a petição. De acordo com ele, as violações comprovadas poderam anular o pleito dos centros de votação envolvidos e novas eleições seriam convocadas nestas unidades. “Tínhamos uma projeção de resultado, mas se considerarmos a quantidade de votos afetados nos centros onde houve irregularidades, a diferença poderia ser maior. Qual é o resultado, temos que confirmar na contagem”, afirmou.
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