Oposição venezuelana recusa diálogo de paz com Maduro e impõe condições
Segundo a MUD (Mesa de Unidade Democrática), é necessária a participação de um terceiro elemento neutro da conversa
Os partidos da oposição venezuelana reunidos em torno da MUD (Mesa de Unidade Democrática) disseram que não irão participar de diálogo de paz proposta pelo presidente Nicolás Maduro e que começaria nesta quarta-feira (26/02). Após a escalada da violência no país, desatada após uma marcha opositora em Caracas terminar com três mortos e mais de 60 feridos, o chefe de Estado propôs a criação de uma "conferência de paz" no sábado (22/02.
Efe (20/02/2013)
Capriles: "Como alcançar a paz, como poder resolver uma situação de conflito? É preciso ter vontade, não se trata de reuniões"
Em carta, a MUD diz que não irá participar de um "simulacro de diálogo que irá desembocar em uma gozação com nossos compatriotas". Assinado pelo secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Avaledo, o texto afirma que o diálogo proposto pelo governo não tem as condições adequadas, devido à situação atual.
"A situação do país é grave. Hoje a convivência está seriamente alterada pelos fatos conhecidos dos quais vocês e nós temos leituras divergentes e que, fundamentalmente, estão no âmbito de responsabilidade do governo. Mas o quadro econômico e social é ainda mais exigente que essa crise aguda de protestos e repressão desmedida com a participação de civis armados convocados pelas autoridades", aponta a carta.
A MUD ainda exige que, para acontecer um diálogo, existem condições, com uma conversa estabelecidade em termos "previamente determinados, com uma agenda de assunto relevantes ao interesse nacional e com a participação de um terceiro de boa fé, nacional ou internacional, que facilite, garanta, e, se necessário, medie, para que esse diálogo seja frutífero. Essa é nossa vontade e essa é nossa proposta. O Executivo Nacional tem a palavra".
Efe (25/02/2013)
Opositores que montavam barricadas no bairro de Altamira, no município de Chacao, na Venezuela
Em entrevista dada a uma rádio, Henrique Capriles, governador do Estado de Miranda e um dos dirigentes opositores, afirmou que "o governo fala de diálogo, fala de paz, mas não pode ser um apelo vazio, sem conteúdo. Como alcançar a paz, como poder resolver uma situação de conflito? É preciso ter vontade de fazer, não se trata de reuniões nem de ir ao Palácio de Miraflores para ficar bem na fotografia, ou escutar um discurso".
Reação
Após a divulgação da carta, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, escreveu em sua conta no Twitter: "Confirmado: a MUD não quer paz, decidiram não comparecer ao convite do companheiro Presidente, só o que os move é o cálculo politiqueiro". Em seguida, ele afirmou: "Como uma palavra tão linda: PAZ, provoca tanta reação de rechaço da dirigência opositora?. Fica claro que toda a MUD está no golpe".
No dia 22, Maduro convocou todos os setores sociais e políticos do país para que instalem uma Conferência Nacional de Paz, que seria colocada em andamento hoje.