Diante do acordo de anexação assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, e líderes da Crimeia e de Sebastopol, os Estados Unidos vão impor mais uma rodada de sanções à Rússia, segundo informou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, nesta terça-feira (18/03). Ontem, após o resultado oficial do referendo separatista na Crimeia, EUA e União Europeia já haviam anunciado uma série de punições a Moscou.
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“Mais [sanções] estão por vir”, afirmou Carney, em sua coletiva de imprensa diária. O porta-voz também reiterou que “a tentativa da Rússia de anexar uma região da Ucrânia ilegalmente jamais será aceita pelos Estados Unidos ou pela comunidade internacional” e que a administração do presidente Barack Obama considera que as ações russas “violam o direito internacional e a Constituição da Ucrânia”.
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Mariane Roccelo/Opera Mundi
Carney, entretanto, não disse como e quais serão as sanções contra a Rússia, informando apenas que os EUA e seus parceiros aumentariam as consequências para os russos e reforçariam a assistência oferecida à Ucrânia. Sobre as sanções já impostas, chamadas por um repórter de “em alguns casos, risíveis”, o porta-voz disse que “os custos têm sido reais e eles vão aumentar”.
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Reação
Frente às punições anunciadas pelos EUA, o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse ao secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que as sanções são “absolutamente inaceitáveis” e “não permanecerão sem consequências”, segundo uma declaração ministerial.
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Putin, por sua vez, já havia dito que são os Estados Unidos que não seguem as leis internacionais. “Eles pensam que são os únicos e ignoram até agora o Conselho de Segurança da ONU”, afirmou. O presidente russo também voltou a afirmar que o referendo que aprovou a anexação da Crimeia à Rússia “foi justo e legítimo” e agradeceu a compreensão de países como China e Índia, pedindo que se deixe de lado a retórica da época da Guerra Fria.
Agência Efe
Bandeira russa é pendurada na sede do Parlamento da Crimeia, em Simferópol, capital da região
O assessor russo Vladislav Surkov, uma das sete autoridades próximas a Putin atingidas pelas sanções dos EUA, afirmou que a única coisa que o presidente da Rússia gostava nos Estados Unidos era o rapper Tupac e que ele “não precisa de um visto” para ouvir rap. Surkov afirmou ainda que estar na lista negra norte-americana é uma “grande honra” para ele, segundo o jornal The Independent.
União Europeia
A UE disse hoje que “não reconhece nem reconhecerá” a anexação da Crimeia pela Rússia, segundo comunicado dos presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy. “A soberania, a integridade territorial e a independência da Ucrânia tem que ser respeitada”, acrescentou a nota.
Barroso e Van Rompuy reiteraram ainda que a UE “também não reconhece o referendo ilegal e ilegítimo na Crimeia nem seus resultados”. Os líderes da União Europeia devem abordar a situação na Ucrânia e formular uma resposta conjunta na reunião da cúpula que será realizada nos dias 20 e 21 de março.
Agência Efe
Milhares de pessoas se reúnem na Praça Vermelha, em Moscou, para se manifestar diante da anexação da Crimeia à Rússia
Exercício militar
O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que seu país está considerando exercícios militares nos Bálcãs, segundo a agência de notícias Reuters. Biden afirmou que os EUA “estão comprometidos com a garantia da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] de ajudar membros se ações militares forem feitas contra eles”.
Dmitry Peskov, porta-voz de Putin, disse, no entanto, que uma intervenção militar no leste da Ucrânia “não está na agenda”.