“Hoje demos nossa resposta ao racismo e àqueles que querem nos expulsar.” Assim sintetizou Ayman Odeh, líder da coligação árabe-judaica, o surpreendente resultado eleitoral obtido no pleito desta terça-feira (18/03).
Com 13 cadeiras conquistadas (10,54% dos votos), a Lista Conjunta — sigla política que uniu pela primeira vez todos os três partidos árabes-israelenses (Balad, Ta'al e Lista Árabe Unida), além do esquerdista Hadash — consolidou-se como a terceira força no novo Parlamento israelense e importante voz da oposição. “Um dia histórico para os árabes”, disse Odeh, advogado muçulmano de 40 anos de idade, escolhido para liderar a coligação.
Agência Efe
Membros da Lista Conjunta fazem declarações à imprensa no dia em que foram realizadas as eleições parlamentares
A tática adotada pelos representantes políticos da minoria árabe, que representa 20% da população israelense, surtiu efeitos: separados, os partidos tinham 11 cadeiras no Parlamento anterior, três a menos do que o obtido agora com a Lista Conjunta.
Em torno de uma única plataforma cujo núcleo duro consiste na luta pela universalização da democracia e dos direitos civis em Israel, a inédita coligação política uniu diversos eleitores: nacionalistas palestinos seculares, judeus socialistas, pan-arabistas do Ba'ath e muçulmanos.
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De início, a coligação apareceu como resposta a uma mudança na legislação eleitoral. O governo de Israel conseguiu aprovar a elevação da cláusula de barreira (de 2% para 3,5%, o que significa 4 vagas parlamentares), que estipula o número mínimo de votos sem o qual um partido não pode estar presente no Knesset, o Parlamento israelense. A modificação trouxe sérios riscos à representatividade política da minoria árabe-israelense, que, dispersa em muitas legendas, teria mais dificuldades para atingir o piso eleitoral.
O que surgiu como uma manobra política de representantes da extrema-direita nacionalista de Israel, como Avigdor Lieberman, para expulsar os árabes do Legislativo, acabou tendo o efeito contrário. Ironicamente, foi o próprio chanceler Lieberman e seu partido Israel Beiteinu que quase se deram mal com a mudança — a legenda obteve apenas 5 cadeiras, uma acima da cláusula de barreira.