O papa Francisco está disposto a abrir os arquivos da Igreja sobre a ditadura militar na Argentina (1976-1983), reportou o jornal El Pais nesta quinta-feira (30/04).
EFE
Papa Francisco quer analisar papel da Igreja durante anos de chumbo
Segundo o veículo espanhol, o pontífice – de origem argentina – irá focar sua atuação aos desaparecidos políticos do regime. Durante o período de chumbo, a Igreja teve papel fundamental de receptora de denúncias feitas pelos parentes dos desaparecidos, mas também teve muitos religiosos que colaboraram ativamente com os governos autoritários.
A abertura dos arquivos pelo líder da Igreja Católica já estava sendo especulada nos últimos dias, mas o Vaticano optou por não comentar o caso. Quem confirmou foi Guillermo Karcher, o colaborador mais próximo do Papa na Argentina em entrevista hoje à Rádio América.
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“O desejo do Papa é esse, que se faça algo, e para isso encarregou a Secretaria de Estado e começou-se a trabalhar no tema da quebra de sigilo dos arquivos do Vaticano relacionados à ditadura argentina”, explicou Karcher à emissora de Buenos Aires, acrescentando que o processo “levará tempo”.
Além disso, a atitude de abertura dos arquivos é também vista como uma “autocrítica” da Igreja perante seu papel na ditadura. “A vontade política do Papa é clara: vai abrir os arquivos e vai impulsionar a autocrítica”, garante Graciela Lois, uma das fundadoras do grupo que pede a abertura dos arquivos ao pontífice, a El Pais.
“Boa parte da Igreja, não exatamente Bergoglio [o papa], foi cúmplice da ditadura. A autocrítica é uma necessidade. Achamos que vai ser feita. E confiamos que a abertura de arquivos será útil para conhecer a verdade”, completa.