Com seus característicos jalecos, os acompanhadores internacionais da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e os convidados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela estão desde a metade da semana em Caracas, com a missão de garantir um acompanhamento imparcial das próximas eleições legislativas, marcadas para este domingo (06/12). A vinda das suas comitivas foi tema de debates e mal estar no país nos últimos meses.
Por lei, a figura de “acompanhante eleitoral” tem suas funções limitadas a fazer recomendações sobre as eleições e substitui as do observador internacional.
A oposição, que em sua maioria desacredita a lisura do processo eleitoral, exigia também a presença de missões da OEA (Organização dos Estados Americanos) e da UE (União Europeia). No entanto, o presidente Nicolás Maduro rechaçou ambas as possibilidades. Da OEA, por considerar que o organismo está “alinhado com Washington”; da União Europeia, por “ingerência”.
Agência Efe
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Recentemente, o presidente da OEA, o uruguaio Luis Almagro, fez declarações críticas à Venezuela, dizendo em carta que as eleições não estão garantidas “em nível de transparência e justiça eleitoral”. O governo da Venezuela “sempre soube” que Almagro tem uma postura política “que assume os princípios da oposição” e seus receios haviam sido “comprovados” com a carta que enviou mês passado ao CNE, afirmou o embaixador venezuelano na OEA, Bernardo Álvarez, na ocasião.
Em novo enfrentamento “midiático”, após Almagro exigir respostas sobre a morte de um líder sindical afiliado ao partido opositor AD (Ação Democrática), Maduro chamou o ex-chanceler do Uruguai de “lixo”. Investigações posteriores mostraram que o crime não teve motivação política e se deveu a um acerto de contas entre grupos criminosos em Guárico, estado venezuelano.
Acostumada a receber delegações internacionais em processos eleitorais — a OEA e a UE estiveram nas eleições de 1998, 2000, 2006 e 2012 — as autoridades venezuelanas sublinharam recentemente que rechaçam sistematicamente “toda ingerência em nossos assuntos internos” e reivindicam o sistema eleitoral venezuelano, com votação e escrutínio automatizado como o “melhor e mais transparente do mundo”.
Unasul
Nesta quinta-feira (03/12), a missão da Unasul, liderada pelo ex-presidente dominicano Leonel Fernández, emitiu comunicado onde garante que formam “uma delegação internacional completa que tem experiência em processos eleitorais e que estará presente em 11 estados do país” no domingo. Fernández ressaltou que a “missão atuará com imparcialidade, independência, autonomia, objetividade e profissionalismo”.
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Desde outubro se levantou a dúvida sobre a participação da Unasul na observação das eleições venezuelanas. Naquele mês, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) brasileiro afirmou que se retiraria do grupo de observadores em função de o nome do ex-ministro Nelson Jobim ter sido preterido para a chefiar a delegação. A Unasul negou o fato, e confirmou que Jobim era um dos nomes estudados para a função.
Agência Efe
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CNE
Na manhã de quarta-feira (02/12) foi conformada a missão de acompanhadores do CNE, que reúne 160 representantes de cinco continentes. O grupo participou de palestras sobre o cenário político venezuelano, conheceu em detalhes como funciona a Assembleia Nacional e o sistema misto de votos do país e ainda teve uma reunião com as principais consultorias de intenção de voto, que informaram quais eram as tendências observadas para o domingo.
Também conheceram o processo de fabricação e preparação das máquinas de votação, assim como a tecnologia de verificação e de controle com chaves, cujo acesso está disponível a ambas as forças eleitorais e ao CNE.
“É um sistema bastante seguro. Muito bem auditado”, afirmou a Opera Mundi Gustavo Acosta, acompanhador de El Salvador. Ele conta que nesta sexta-feira (04/12) o grupo observou o processo de instalação das mesas, conformado após o sorteio de três cidadãos e com a auditoria de representantes de todos os partidos políticos. A dinâmica foi verificada por 23 vezes. “A impressão que nos dá à maioria dos acompanhadores é que o processo está se desenvolvendo com total normalidade, transparência e segurança”, diz.
A MUD (Mesa de Unidade Democrática, coalizão opositora) certificou hoje a credibilidade e transparência do sistema. E, conforme comentou Acosta, o GPP (Grande Polo Patriótico, coalizão chavista), confirmou em reunião com os observadores do CNE que irão respeitar os resultados, “quaisquer que sejam”.