A pesquisa Deutschlandtrend, do canal público alemão ARD, mostrou pela primeira vez, desde 2006, o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha) à frente da União (coligação entre União Democrata-Cristã, da chanceler Angela Merkel, e da União Social-Cristã, de Horst Seehofer) em intenções de voto.
Os dados, divulgados nesta sexta-feira (24/02), colocam o SPD com 32% (4 pontos a mais do que na última pesquisa, de 2 de fevereiro), contra 31% da União (-3 em relação a fevereiro). O partido AfD (Alternativa para a Alemanha), de extrema-direita, aparece como terceira força, com 11% (-1 ponto); os Verdes, em quarto lugar, com 8% (sem variação em relação a fevereiro); a agremiação “A Esquerda” tem 7% (-1); e os Liberais (FDP, na sigla em alemão) têm 6% (zero de variação).
O resultado vem um mês depois da declaração de Sigmar Gabriel, atual ministro das Relações Exteriores, de que não disputaria a eleição como candidato do SPD, abrindo lugar para Martin Schulz, ex-presidente do Parlamento Europeu. A entrada dele na corrida impulsionou as intenções de voto no partido.
O último chanceler do partido foi Gerhard Schröeder, que governou a Alemanha entre 1998 e 2005 e perdeu a reeleição para a própria Merkel.
Agência Efe
Martin Schulz (SPD) e Angela Merkel (CDU): sociais-democratas aparecem à frente em pesquisas pela 1º vez desde 2006
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As eleições parlamentares no país acontecem em setembro. Cada eleitor tem direito a dois votos: no primeiro, vota-se no candidato do distrito a que o cidadão pertence (cada distrito compreende cerca de 250 mil eleitores). Esse primeiro sufrágio preenche 299 cadeiras. No segundo voto, a escolha é feita uma lista de candidatos indicada por cada partido. Na prática, esse outro voto serve para escolher quais agremiações estarão representadas no parlamento. Desta última etapa, são preenchidos mais 299 assentos.
Refugiados e guinada à 'esquerda'
Parte do derretimento das intenções de voto no bloco CDU/CSU pode ser creditada à questão dos refugiados na Alemanha. A política de portas abertas patrocinada por Merkel – a frase “Wir schaffen das” (Nós conseguiremos) ficou famosa por conta disso – influiu diretamente na popularidade da chanceler e permitiu o aumento dos grupos de extrema-direita, que se veem representados nas propostas do xenófobo AfD.
Além disso, Merkel está no governo há 12 anos e é natural que haja uma “fadiga” no modelo de governo.
Os outros partidos, em especial o SPD, perceberam isso. Ao jornal Bild, por exemplo, Schulz sugeriu que poderia estender o pagamento do seguro-desemprego e mudanças no esquema de aposentadoria. Ações como essa reverteriam parte da Agenda 2010, reforma sociais e trabalhista capitaneada pelo governo de Schröeder e dariam uma “guinada à esquerda” na agremiação.
Ao mesmo tempo em que economistas afirmam que a reforma foi a responsável pelo crescimento econômico alemão nos últimos anos e pela queda do desemprego, críticos da Agenda 2010 dizem que a desigualdade no país aumentou no mesmo período, provocando o incremento do número de endividados e pobres na Alemanha.