O BND (Serviço Federal de Informação) da Alemanha, órgão secreto do país que opera no exterior, espionou desde 1999 diversos veículos da imprensa estrangeira, como a emissora BBC, a agência Reuters e o jornal The New York Times, afirmou nesta sexta-feira (24/02) a revista Der Spiegel.
A Der Spiegel publicou em seu site um trecho de uma matéria que sairá neste sábado (25/02) na edição impressa da revista. Segundo a publicação, há documentos que indicam que o BND espionou pelo menos 50 “seletores” – termo que inclui números de telefone, de fax e e-mails – de diferentes jornalistas e redações de todo o mundo.
Entre os objetivos, a inteligência alemã tinha, por exemplo, uma dúzia de conexões de correspondentes da BBC no Afeganistão com a redação central do veículo em Londres, além de várias redações do serviço internacional da emissora pública britânica. Na lista também aparece um correspondente do The New York Times no Afeganistão e conexões de celulares e telefones por satélite da agência Reuters no Afeganistão, Paquistão e Nigéria.
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Alemanha espionou imprensa estrangeira, segundo denúncia da revista alemã Der Spiegel
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O BND, segundo a Der Spiegel, se negou a comentar os documentos, que foram divulgados após a conclusão dos trabalhos de uma comissão de investigação do parlamento que analisou durante quase três anos o escândalo de espionagem dos EUA em países aliados e a colaboração fornecida pelo serviço secreto da Alemanha.
A última audiência da comissão ocorreu no dia 16 de fevereiro, que teve a presença da chanceler Angela Merkel, que reiterou sua rejeição à “espionagem entre amigos”. Para Merkel, as práticas da Guerra Fria devem ficar no passado. Merkel afirmou que não sabia sobre a espionagem do BND a parceiros europeus e instituições comunitárias até o escândalo ter sido divulgado. E lembrou que as leis sobre o serviço secreto foram modificadas para evitar que isso se repetisse no futuro.
Após as revelações do Der Spiegel, a ONG Repórteres sem Fronteiras afirmou que o caso é um “terrível ataque à liberdade de imprensa” e “uma nova dimensão de violação da Constituição da Alemanha”