Atualizada às 9h56
O fundador do Wikileaks, Julian Assange, foi preso nesta quinta-feira (11/04), em Londres, após o presidente do Equador, Lenín Moreno, suspender o asilo diplomático do ativista. Ele estava há sete anos na embaixada do país na capital britânica.
Assange, que é australiano, foi retirado à força do prédio da embaixada pela polícia britânica, após autorização do embaixador. A cidadania que o governo equatoriano havia concedido ao australiano foi revogada, de acordo com a chancelaria em Quito.
Momentos depois da prisão, o governo britânico confirmou que a detenção foi feita em atendimento a um pedido de extradição feito pelos Estados Unidos. Assange ficou famoso por publicar documentos secretos sobre, por exemplo, operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque, bem como sobre as condições na prisão de Guantánamo.
Em 2010, o fundador do portal foi acusado de estupro pela Suécia. A acusação foi posteriormente arquivada, mas Assange dizia que isso era só um “pretexto” para que ele fosse preso e extraditado aos EUA. Dois anos depois, Assange pediu asilo ao Equador após entrar na embaixada do país em Londres. Ele ficou sete anos no prédio diplomático do país.
Asilo diplomático
Na terça-feira passada (02/04), Moreno disse que Assange havia violado “várias vezes” o acordo de convivência para garantir permanência dele na embaixada equatoriana.
“Hoje [11/04], anuncio que a conduta desrespeitosa e agressiva do senhor Julian Assange, as declarações descorteses e ameaçadoras de sua organização aliada contra o Equador, e, sobretudo, a transgressão dos tratados internacionais têm levado a situação a um ponto em que o asilo do senhor Assange é insustentável e inviável”, disse o presidente equatoriano. “O Equador, soberanamente, dá por finalizado o asilo diplomático outorgado ao senhor Assange em 2012.”
Na quarta (10/04), o WikiLeaks havia denunciado que Assange estava sendo espionado pelo governo de Moreno dentro da embaixada para extraditá-lo.
Repercussão
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, agradeceu a Moreno por suspender o asilo diplomático de Assange. “Julian Assange não é um herói, ninguém é acima da lei. Ele está se escondendo da verdade há anos. Obrigado ao Equador e ao presidente Lenín Moreno pela colaboração com o MRE britânico para assegurar que Assange lide com justiça”, escreveu, no Twitter.
O ex-presidente equatoriano Rafael Correa chamou Moreno de maior traidor da história de toda a América Latina. “O maior traidor da história equatoriana e latino-americana, Lenín Moreno, permitiu que a polícia britânica entrasse na nossa embaixada em Londres para prender Assange. Moreno é um corrupto, e o que ele fez é um crime que a humanidade jamais se esquecerá.”
El traidor más grande de la historia ecuatoriana y latinoamericana, Lenín Moreno, permitió que la policía británica entre a nuestra embajada en Londres para arrestar a Assange.
Moreno es un corrupto, pero lo que ha hecho es un crimen que la humanidad jamás olvidará. https://t.co/GwZ4OLreuo— Rafael Correa (@MashiRafael) 11 de abril de 2019
O ex-agente da Agência de Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, também comentou a prisão de Assange. “Dia obscuro para a liberdade de imprensa”, disse.
(*) Com Sputnik
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Julian Assange foi preso nesta quinta-feira (11/04) em Londres