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Política e Economia

Celso Amorim: México e Argentina podem formar 'eixo do bem' na América Latina

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Em entrevista exclusiva a Opera Mundi, ex-chanceler falou sobre Grupo de Puebla, América Latina, a situação na Bolívia e a liberdade do ex-presidente Lula; assista na íntegra

Rafael Targino

São Paulo (Brasil)
2019-11-16T13:00:00.000Z

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O ex-chanceler Celso Amorim disse, durante entrevista exclusiva concedida na última segunda-feira (11/11) a Opera Mundi e ao coletivo QuatroV, que a América Latina atravessa um momento histórico muito importante e que, neste contexto, México e Argentina, que têm (ou terão, no caso do nosso vizinho) governos de esquerda, podem representar um “eixo do bem” no continente.

“É um momento muito importante para a América Latina, e isso preocupa muito a direita continental. O Brasil, agora, está do outro lado, mas Argentina e México podem formar uma espécie de “eixo do bem” na região, contrariamente ao “eixo do mal”, de que falava o [ex-presidente dos EUA George W.] Bush, disse.

O México é governado por Andrés Manuel López Obrador, representante da esquerda, e a Argentina, a partir de 10 de dezembro, será liderada pelo peronista Alberto Fernández, tendo a ex-presidente Cristina Kirchner como vice.

Amorim se referiu ao Grupo de Puebla, que reúne intelectuais e políticos da esquerda latino-americana - e do qual o próprio ex-chanceler participa -, como um instrumento para pensar a região e atuar frente a outros blocos. “O Grupo de Puebla é muito importante porque tem capilaridade. Acho que um desafio nosso é nos aproveitarmos de um mundo multipolar, não dominado por um único país. Nenhum país da América Latina, nem o Brasil, é grande o suficiente para lidar com esse mundo de blocos. Mas a América Latina é. E o Grupo de Puebla pode ajudar nisso”, afirmou.

“A América Latina não é uma só, são muitas, porque cada lugar tem suas características, mas, por outro, lado, tem uma desigualdade imensa e a dependência em relação ao poder hegemônico do continente, que são os EUA. Acho que essas duas coisas caminham juntas de alguma maneira, e o Grupo de Puebla pode ter um papel importante nisso”, disse.

Bolívia

E a Bolívia é, talvez, o país latino-americano mais em evidência no momento, por conta do golpe que levou à renúncia do presidente Evo Morales no último domingo (10/11). Para Amorim, o racismo e o rancor da elite boliviana, que nunca aceitou um líder indígena cocaleiro, desempenharam um grande papel na queda. 

“O ressentimento, os rancores e ódios das classes dominantes bolivianas nunca aceitaram que um índio cocaleiro pudesse ser Presidente da República e fazer uma política de distribuição de renda, de benefício para os mais pobres. As elites bolivianas nunca aceitaram que um líder cocaleiro pudesse ser presidente”, disse.

Reprodução
Amorim: México e Argentina podem formar 'eixo do bem'

Amorim, que chefiou o Itamaraty nos governos de Itamar Franco (durante o qual ocupou o posto entre 1993 e 1995) e Luiz Inácio Lula da Silva (entre 2003 e 2011), relembrou uma conversa que teve com Morales sobre o assunto. 

“Em 2008, eu visitei a Bolívia, juntamente com o chanceler da Argentina, [Jorge] Taiana, e com o chanceler interino da Colômbia. E o Evo, na conversa particular que tive com ele, que durou muito tempo, falou: ‘querem tumbar el índio’ [querem derrubar o índio]”, contou.

Na mesma época, Amorim disse que se encontrou com representantes da direita boliviana, e que sentiu  total inflexibilidade por parte deles. “Esse pessoal, encarnado principalmente pelo [Luis Fernando] Camacho, não quer conversa. Dessa vez em que estive na Bolívia, aproveitei também para ter conversas com líderes da direita. Eles são radicalmente contra a ascensão dos índios”, afirmou.

Lula

Amorim também falou sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi libertado no último dia 8 de novembro. Para ele, o petista virou um símbolo não só da esquerda, mas da “justiça social”. 

“Depois da prisão, ele virou um símbolo do que é a luta por justiça social. Vinham [visitar o ex-presidente na cadeia] pessoas de esquerda tipo o [francês Jean-Luc] Mélenchon, que não era nenhum radical, nunca tocou fogo na Bastilha nem nada, mas também da social-democracia alemã. O Brasil era o único país em que uma prisão de província era mais visitada do que o palácio presidencial”, disse.

O ex-presidente, em entrevista exclusiva a Opera Mundi em setembro, chegou a dizer que Amorim foi “o melhor chanceler do mundo” no período em que ocupou o Ministério das Relações Exteriores durante o período petista no poder. Por sua vez, o chanceler disse que era “muito fácil ser chanceler do Lula”.

“O Brasil era requisitado. As pessoas todas queriam sair na foto com o Lula, e não era só a esquerda não. A direita pensante - claro que a extrema direita não - também: [o ex-presidente francês Jacques] Chirac, o Bush... o Bush veio aqui e botou o capacete da Petrobras na cabeça. Eu nunca pude imaginar isso, eu que sou antigo, da época do ‘petróleo é nosso’...”, contou.

Assista à íntegra da entrevista com Amorim:


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Política e Economia

Após receber carta de Bolsonaro, EUA pedem que Brasil adote “medidas imediatas” contra desmatamento

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Principal representante da Casa Branca saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal no Brasil; cacique Raoni disse que são mentirosas

Redação

RFI RFI

Paris (França)
2021-04-16T22:40:00.000Z

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O governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira (16/04) à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O principal representante da Casa Branca sobre questões ambientais saudou as promessas de luta contra o desmatamento ilegal da Amazônia até 2030, mas pediu que iniciativas com resultados concretos sejam implementadas imediatamente.

"O fato de o presidente Bolsonaro ter confirmado o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal é importante", disse o enviado especial de Joe Biden para a diplomacia climática, John Kerry. “Esperamos medidas imediatas e um diálogo com as populações indígenas e a sociedade civil para fazer com que esse anúncio se traduza em resultados concretos”, insistiu o representante de Washington em uma postagem nas redes sociais.

Na quinta-feira (15/04), a Presidência brasileira divulgou uma carta de sete páginas, antes da cúpula dos Chefes de Estado sobre a mudança climática que acontecerá em 22 de abril, na qual Bolsonaro diz estar disposto a trabalhar para cumprir as metas ambientais do país no Acordo de Paris e, para isso, pede recursos da comunidade internacional. "Queremos reafirmar nesse ato (...) o nosso inequívoco compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", dizia a texto.

O cacique Raoni, internacionalmente conhecido pela sua luta em defesa da preservação da Amazônia, chegou a reagir publicamente à carta de Brasília pediu ao presidente dos Estados Unidos para ignorar a promessa de Bolsonaro.

"Ele tem dito muitas mentiras", disse o líder indígena no vídeo divulgado pelo Instituto Raoni nesta sexta-feira. "Se este presidente ruim falar alguma coisa para o senhor, ignore-o (...). Ele [Bolsonaro] está querendo liberar o desmatamento nas nossas florestas, incentivando invasões nas nossas terras", acrescentou.

U.S. Department of State
Governo dos Estados Unidos respondeu nesta sexta-feira à carta enviada na véspera pelo presidente brasileiro

Biden cogitou sanções econômicas antes de ser eleito

A política ambiental do governo Bolsonaro é frequentemente criticada pelos ecologistas, mas também por vários líderes internacionais. O Brasil já foi alvo de medidas de retaliação no exterior, na tentativa de chamar a atenção para a situação na Amazônia.

Do lado dos líderes mundiais, o presidente francês Emmanuel Macron já criticou abertamente a posição de Brasília sobre a preservação do meio ambiente desde que Bolsonaro chegou ao poder. Em setembro passado, antes de ser eleito, Biden também cogitou a imposição de sanções econômicas contra o Brasil se não houvesse uma desaceleração do desmatamento.  

Muito mais próximo dos ex-presidente norte-americano Donald Trump que do atual governo democrata dos Estados Unidos, Bolsonaro informou que pretende participar da cúpula virtual sobre o clima organizada por Biden na semana que vem. Cerca de 40 liderem mundiais devem marcar presença no evento.

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