A autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, chamou nesta sexta-feira (22/11) o golpe de Estado que culminou na renúncia de Evo Morales, exilado no México, foi uma “revolução”.
No Brasil, era de “revolução” que os militares chamavam o golpe que derrubou o então presidente João Goulart em 1964.
Áñez afirmou que a saída de Morales se deu por conta de manifestações “pacíficas” que denunciaram uma suposta fraude nas eleições de 20 de outubro. Desde que a oposição começou a gestar o golpe, ainda no dia do primeiro turno (vencido por Evo Morales), mais de 30 pessoas já morreram.
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“Nas últimas semanas o povo boliviano de manifestou pacificamente exigindo o retorno pleno da democracia, o respeito ao voto e aos direitos dos cidadãos. Por isso, em nome do povo boliviano, que protestou durante mais de 20 dias, quero ser absolutamente enfática e clara: a Bolívia não viveu um golpe de Estado, a Bolívia viveu uma revolução pacífica liderada por nossa sociedade, sobretudo pelos nossos jovens”, disse.
ABI
Autoproclamada presidente da Bolívia afirmou que golpe foi uma ‘revolução’
A declaração de Áñez também acontece um dia após indígenas marcharem de El Alto até La Paz, capital do país, levando caixões de oito pessoas que morreram por conta da repressão policial.
A marcha que chegou no final da tarde desta quinta-feira (21/11) na capital foi reprimida pelas forças públicas de segurança, que usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.
Segundo o jornal La Razón, a autoproclamada presidente defende que assumiu o governo boliviano de acordo com a sucessão constitucional e que todo o procedimento foi garantido pelo Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP).
O ex-presidente Morales afirma que a autoproclamação de Áñez viola a Constituição e as normas internas da Assembleia Legislativa da Bolívia.