Mais de 100 migrantes morreram em um naufrágio no Mar Mediterrâneo Central. A estimativa é da ONG SOS Méditerranée, que havia recebido desde a manhã de quarta-feira (21/03) alertas do serviço Alarm Phone a respeito de três barcos em perigo na costa da Líbia. A equipe de busca encontrou um dos barcos, naufragado, nesta quinta-feira (22/01).
Por conta da “inação” das autoridades em agir diante dos alertas, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) acusou países europeus de serem os responsáveis por não prestarem socorros aos migrantes.
“Depois de horas de busca, nosso pior medo se tornou realidade. A tripulação do Ocean Viking teve que testemunhar as consequências devastadoras do naufrágio de um barco de borracha a nordeste de Trípoli. Este barco estava em perigo com cerca de 130 pessoas a bordo na manhã de quarta-feira”, declarou em nota a coordenadora de busca e salvamento da SOS Mediterranée Luisa Albera.
De acordo com a ONG, a tragédia poderia ter sido evitada porque durante dois dias alertaram vários países mediterrânicos para enviarem ajuda enquanto ainda era tempo, mas ignoraram o seu pedido.
“Hoje, enquanto procurávamos incansavelmente sem receber o apoio das autoridades marítimas responsáveis, três cadáveres foram avistados na água pelo navio mercante MY ROSE”, explicou Albera. Segundo informe da ONG, um avião da Frontex, a agência de controle de fronteiras externas da União Europeia (UE), avistou os destroços de um barco de borracha logo depois.
A equipe de busca conta que chegou ao local e sem encontrar sobreviventes, avistou pelo menos dez corpos nas proximidades do naufrágio.
“Today, after hours of search, our worst fear has come true. The crew of the Ocean Viking had to witness the devastating aftermath of the shipwreck of a rubber boat.”
Statement by Luisa, Search & Rescue Coordinator on #OceanViking.https://t.co/KwYQla8ccM
— SOS MEDITERRANEE (@SOSMedIntl) April 22, 2021
As equipes de resgate não sabem o paradeiro de outro barco de madeira, onde cerca de 40 pessoas teriam viajado.
Ao tomar conhecimento do naufrágio, o diretor da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Eugenio Ambrosi, expressou nas redes sociais que “essas são as consequências humanas de políticas que não respeitam o Direito Internacional e os mais básicos imperativos humanitários”.
ONG SOS Méditerranée
Barco de borracha foi encontrado de ponta cabeça com corpos das vítimas nas proximidades
OMI acusa Europa de prestar socorro aos imigrantes
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) acusou os países europeus de negarem socorro a um bote inflável que naufragou no Mar Mediterrâneo com mais de 100 pessoas a bordo.
“Os Estados permaneceram inertes e se recusaram a agir para salvar as vidas de mais de 100 pessoas. Elas imploraram e lançaram chamadas de emergência por dois dias antes de afundar no cemitério azul do Mediterrâneo. Esse é o legado da Europa?”, disse no Twitter Safa Msehli, porta-voz da OIM, organização ligada às Nações Unidas (ONU).
States stood defiant and refused to act to save the lives of more than 100 people.
They pleaded and sent distress calls for two days before they drowned in the blue #Mediterranean cemetery.
Is this Europe’s legacy? pic.twitter.com/PBamGNEspi
— Safa Msehli (@msehlisafa) April 23, 2021
Para a ONG SOS Mediterranée, “os Estados abandonam sua responsabilidade de coordenar as operações de busca e resgate, deixando os atores privados e a sociedade civil para preencher o vazio mortal que deixam para trás. Podemos ver o resultado dessa inação deliberada no mar ao redor de nosso navio”.
Segundo a OIM, pelo menos 8.670 pessoas atravessaram a rota do Mediterrâneo Central em 2021, quase o dobro do número registrado no mesmo período do ano passado (4.666).
No entanto, 357 migrantes morreram ou desapareceram tentando concluir a travessia, crescimento de 140% em relação a 2020, sendo que o pico das viagens costuma acontecer em julho e agosto, no verão do Hemisfério Norte, quando as condições do mar são melhores.
(*) Com Ansa e Telesur.