Agricultores foram às ruas em diversas cidades da Itália nesta segunda-feira (29/01), na esteira dos protestos registrados nos últimos dias em países como Alemanha, Bélgica e França.
A categoria protesta contra as regulações impostas pela União Europeia e cobra subsídios e redução de impostos ao setor.
Em Orte, na região do Lazio, manifestantes equipados com tratores e outros veículos agrícolas tentaram interromper o tráfego na Autostrada A1, principal rodovia do país e que atravessa a península de norte a sul, mas foram desmobilizados pela polícia. No entanto, outro grupo de agricultores conseguiu bloquear uma rodovia em Botricello, na Calábria, extremo sul da Itália.
Atos semelhantes também foram registrados em cidades como Foggia, no sul do país, Viterbo, no centro, e Údine, no norte.
Um homem de 56 anos que estava parado em seu carro no trânsito sofreu um mal súbito e morreu.
“Estamos todos unidos, não queremos que a Europa nos tire o pouco que temos. Eles decidem em Bruxelas aquilo que devemos semear e o que é certo e errado. Nós não conseguimos trabalhar com esses preços”, disse à Ansa Mario Mulas, organizador de uma manifestação convocada para terça-feira (30/01) na Sardenha.
Os protestos acontecem a poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu, no início do junho, quando pode haver um avanço de forças populistas no bloco. Na Bélgica, uma federação de agricultores ameaça promover um “bloqueio total” de Bruxelas, capital do país e da União Europeia, nos próximos dias.
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Protestos acontecem a poucos meses das eleições para o Parlamento Europeu
Manifestações na Europa
Desde o outono passado, agricultores franceses implementaram um conjunto de ações em pequenas cidades por todo o país: procissões de tratores, despejo de esterco em frente a edifícios oficiais, ações de “carrinho de compras grátis” ou jogando ovos em supermercados.
Ações mais radicais, com bloqueios de estradas e autoestradas que se espalham do sudoeste por toda a França, ajudaram a chamar a atenção para os protestos.
O governo de Emmanuel Macron está tentando desescalar o movimento enviando ministros e autoridades locais para se encontrarem com os agricultores, até agora sem sucesso.
Atualmente, o governo francês mantém boas relações com os dois grandes sindicatos de agricultores. A FNSEA e o movimento Jovens agricultores que obtiveram juntos 55% dos votos nas eleições de 2019 para a Câmara de Agricultura do país, representando os produtores rurais.
A sua visão de produção é orientada para a exportação e está totalmente alinhada com a do governo de Macron, que quer que a agricultura se torne cada vez mais mecanizada, robotizada e digitalizada para aumentar a produtividade.
Os dois sindicatos querem concessões do governo numa Lei de Orientação Agrícola e da União Europeia no Acordo Verde e na Lei de Restauração da Natureza.
Embora os preços dos alimentos no país tenham disparado nos últimos dois anos, estes lucros não chegaram até eles e continuam sendo direcionados pelos supermercados e comerciantes que especulam sobre os preços agrícolas: entre o final de 2021 e o segundo trimestre de 2023, a margem bruta da indústria alimentar aumentou de 28% a 48%.
Os agricultores dependem de uma série de subsídios: ajudas ao investimento, apoio ao rendimento da Política Agrícola Comum (PAC) da UE com base no número de hectares cultivados ou no tamanho do rebanho, ajuda para se tornarem biológicos, etc.
Os maiores agricultores são muitas vezes os únicos beneficiados dos subsídios. É fácil perceber porque os edifícios administração pública são visados pelos manifestantes.
(*) Com ANSA