Atualizada em 24/07/2017 às 11:07
Umberto I de Saboia, rei da Itália desde 9 de janeiro de 1878 morreu na cidade de Monza, na Lombardia, durante um evento esportivo, numa série de eventos capazes de provocar calafrios na espinha. Em 29 de julho de 1900, depois de jantar na Villa Real, Monza, morreu assassinado pelo anarquista Gaetano Bresci, que irrompeu na Villa Real e matou o monarca com cinco disparos de revólver. Depois desta inesperada morte, seu filho Victorio Emmanuelle o sucedeu no trono da Itália. Humberto I foi enterrado no Panteão de Roma.
Em 28 de julho de 1900, o rei Umberto I se encontrava ceando num restaurante de Monza, à qual havia acudido para presidir uma competição de atletismo. Nesse restaurante teve a surpresa de sua vida: o dono que se aproximara para pessoalmente lhe dar as boas-vindas era fisicamente idêntico a ele, a ponto dos presentes acreditarem tratar-se de gêmeos que apenas se distinguiam entre si pelos trajes.
Intrigado com o inusitado encontro, o rei perguntou por detalhes de sua vida. Resultou chamar-se também Umberto, terem nascido na mesma data e cidade, Turim, a velha capital dos duques de Saboia e as respectivas esposas tinham o mesmo nome de batismo, Margherita, com as quais se haviam casado no mesmo dia. Como lance final a tal cúmulo de estranhas coincidências, souberam que Umberto I havia sido proclamado rei no mesmo dia em que seu alter ego inaugurava seu restaurante.
Animado, o monarca saiu do restaurante despedindo-se calorosamente do dono, convidando-o formalmente a que assistisse a seu lado à competição que se iria celebrar no estádio. As curiosas coincidências foram prontamente contadas a todo o séquito do rei.
No dia seguinte, acudiu ao evento pelo qual se encontrava em Monza. Em seu desenrolar, o soberano estranhou ao ver que o assento que havia reservado ao seu sósia continuava vazio. Pouco depois seu ajudante, com ar grave, comunicou-lhe que seu convidado, o dono do restaurante onde tinha ceado na noite anterior, acabava de ser assassinado por um disparo às portas do estádio.
O rei, enquanto deixava o camarote e se dirigia a sua carruagem, assombrado e inquieto com a notícia, apenas pôde aperceber-se como um anarquista ítalo-americano que respondia pelo nome de Gaetano Bresci surgia em meio à multidão para alvejá-lo, quase à queima-roupa, levando-o à morte.
Era a terceira vez que Umberto I sofria um ataque terrorista. Em novembro de 1878, um tal Giovanni Passannante, anarquista também, tentou matá-lo durante um desfile que presidia em Nápoles. Tudo se resumiu a um bom susto para o rei, no entanto, para seu primeiro-ministro Benedetto Cairoli os ferimentos foram graves. O segundo teve lugar em 1897: Pietro Acciarito quis apunhalá-lo durante uma visita nas imediações de Roma e também fracassou.
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Como diz o ditado: da terceira não se escapa. Contudo, desde logo, o que espantava era a seguida coincidência que podia gelar o sangue de qualquer um. A todos, veio imediatamente à mente a figura do “doppelgänger”, que segundo as lendas germânicas e nórdicas é um monstro ou ser fantástico que tem o dom de representar uma cópia idêntica de uma pessoa que ele escolhe ou que passa a acompanhar. Imita em tudo a pessoa copiada, até mesmo as suas características internas mais profundas. O nome Doppelgänger se originou da fusão das palavras alemãs doppel (significa duplo, réplica) e gänger (andante, ambulante ou aquele que vaga). Não costumava ter sombra própria como tampouco refletir-se nos espelhos ou na superfície da água. Popularmente, acreditava-se ser portador de más notícias para quem com ele se encontrasse. Geralmente era o prenúncio da própria morte ou, em menor medida, uma enfermidade iminente.
Tratava-se no caso do rei Umberto I realmente um ‘doppelgänger’?
As circunstâncias ou erros que cercaram sua morte levaram ao fatal desenlace. Em primeiro lugar, a renúncia de levar por debaixo das vestes um colete salva-vidas que deveria trajar para proteger-se das repetidas tentativas de assassinato que os anarquistas planejavam contra sua pessoa. Depois, por ter pedido que se baixasse a cobertura de sua carruagem devido ao sufocante calor daquele dia.
Acompanhado por dois generais, despediu-se da rainha para dirigir-se a sua carruagem atravessando a multidão que se acotovelava para saudá-lo, gritando vivas, enquanto tocava a marcha real interpretada por uma banda marcial. O regicida Bresci, que já estava havia dois dias em Monza, preparando o atentado, aproveita-se da confusão para disparar contra Umberto I cinco vezes. Com três tiros muito seguidos, Bresci atinge o alvo: o rei recebeu uma bala nas costas, a segunda perfura um pulmão e a terceira, certeira, em pleno coração.
Umberto I sequer se dá conta de que o haviam ferido de morte: “Não é nada, vamos em frente!”. Dois segundos depois desaba: Rápido, creio que estou ferido!” Num átimo, morre.