A máquina da ajuda internacional – principalmente comida e água – começa a funcionar hoje (20) no Haiti, mas o problema de coordenação entre as forças em campo continua existindo. Comboios da ONU estão prontos para sair às ruas de Porto Príncipe, distribuindo caixas com pacotes de comida e água, mas os voluntários ficam parados durante horas no aeroporto, controlado pelo exército norte-americano, esperando chegar os caminhões que recolhem as caixas.
Por outro lado, a máquina midiática dos Estados Unidos também está funcionando, convidando grupos de jornalistas a subir em seus helicópteros Seahawk, com base em um porta-aviões, para mostrar o papel que estão tendo em ajudar o povo haitiano. Partem vôos contínuos, durante todo o dia, para lugares isolados como o povoado de Jacmel, no sul do país, com ajuda para dezenas de milhares de pessoas.
Mas a amistosidade dos marines, que agora procuram demonstrar as operações militares e humanitárias, além da repentina colaboração com funcionários do Programa Mundial de Alimentos, acaba sendo quase artificial em certos momentos.
Fuga pelo mar
Ao se sobrevoar o mar de Porto Príncipe, rumo ao porta-aviões dos EUA para um rápido abastecimento de gasolina, é possível ver um dos portos da cidade – ou o que restou dele. Cinco enormes navios haitianos cheios de gente, esperando que mais pessoas subam, e milhares de outras na terra tentando embarcar de qualquer maneira.
Simone Bruno/Opera Mundi
Visão de um porto na capital haitiana, devastado e lotado de refugiados
As pessoas se aglomeram em frente a qualquer sede de representação estrangeira para pedir comida, água, trabalho como tradutor. Hoje, uma multidão aguardava para pedir visto na embaixada dos EUA, provocando a reação da polícia para acalmar os ânimos e evitar problemas mais graves.
Durante o dia, em ruas da cidade, escutou-se a mensagem em crioulo para não tentar sair do país rumo aos EUA. Mas, pelo que parece, convencer a população não será suficiente, dadas as condições desesperadas. De manhã, o embaixador do Haiti em Washington havia recomendado aos seus cidadãos que não tentassem a via do mar para chegar aos EUA, porque os barcos seriam imediatamente mandados de volta.
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