Após a revelação de que o BND (Bundesnachrichtendienst, o Serviço Federal de Informações da Alemanha) fez escutas supostamente “por engano” da então secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, a imprensa alemã revelou neste sábado (16/08) que o órgão também grampeou “fortuitamente” o atual secretário John Kerry e fez um acompanhamento sistemático do governo da Turquia. Berlim nega as acusações.
Agência Efe
Órgão federal de informações, submetido ao governo de Angela Merkel (foto), ouviu conversas de Hillary Clinton e John Kerry
De acordo com a revista Der Spiegel, Kerry foi grampeado em 2013 por meio da rede de escutas do BND no Oriente Médio, enquanto Hillary teve uma conversa sobre a Síria com o ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, gravada em 2012. Segundo o jornal Süddeutsche, os registros não foram apagados.
A Turquia, país de origem de boa parte dos imigrantes que vivem na Alemanha, vem sofrendo escutas pelo menos desde 2009, de acordo com o periódico.
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A fonte dessas informações é o espião que ficou conhecido como “Markus R., que trabalhava no BND até o governo alemão descobrir que ele fornecia informações para a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA). Entre os 218 documentos entregues por ele aos norte-americanos, constavam registros das conversas grampeadas e indicações que isso já havia acontecido outras vezes.
A documentação teria deixado o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, sem argumentos diante de Kerry ao pedir que o governo Obama esclarecesse as escutas feitas por Washington ao celular da chanceler Angela Merkel (do partido conservador CDU).
A oposição a Merkel, por sua vez, exigiu neste sábado que as atividades do BND sejam investigadas. “É inconcebível que, somente após pouco mais de um ano de discussão intensiva sobre a NSA [Agência Nacional de Segurança dos EUA, que espionou aliados como a própria chanceler alemã), também nosso próprio serviço de informações tenha se dedicado à espionagem ativa de países aliados”, afirmou a presidente do Partido Verde, Simone Peter, ao jornal Welt am Sonntag. A agremiação é uma das que defendem que Edward Snowden, ex-funcionário da NSA, receba asilo na Alemanha.