A Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), aliança que reúne a Rússia e outros cinco países, anunciou nesta quinta-feira (06/01) o envio de uma força de paz ao Cazaquistão para conter a escalada violenta dos protestos que acontecem na nação asiática desde o dia 2 de janeiro.
Os protestos por conta do aumento do preço dos combustíveis tiveram o momento mais violento entre a noite desta quarta-feira (05/01) e a madrugada da quinta-feira. Segundo o jornal britânico The Guardian e a emissora Al Jazeera, não há uma cifra exata do número de mortos, mas estima-se que dezenas de pessoas faleceram, entre manifestantes e agentes de segurança.
Mais de mil pessoas ficaram feridas nesses dois dias, sendo que há pelo menos 400 hospitalizados e 62 em unidades de terapia intensiva (UTIs). Outras duas mil pessoas foram presas.
“Neste momento, a parte russa do contingente de manutenção da paz está sendo transferida para o território do Cazaquistão pela Força Aeroespacial da Rússia. As primeiras unidades das forças já começaram a executar suas missões”, afirmou a CSTO em nota. Além da Rússia, organização é composta por Cazaquistão, Armênia, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão.
A situação mais crítica foi registrada em Almaty, maior cidade do país, onde manifestantes invadiram o escritório do prefeito e a antiga residência presidencial e atacaram as forças policiais nesta quarta.
“Na última noite, forças extremistas tentaram tomar os prédios administrativos e o departamento de polícia de Almaty, além de outros departamentos e bases da polícia local”, disse o porta-voz da polícia, Saltanat Azirbek.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, informou que as primeiras tropas já foram enviadas para o país ainda na madrugada e que elas ficarão ali “por um período limitado de tempo para normalizar a situação”.
Reprodução/@CSTO
"As primeiras unidades das forças já começaram a executar suas missões", afirmou a CSTO em nota
Protestos e renúncia do governo
As manifestações no Cazaquistão começaram no último domingo (02/01) após o governo do então premiê Askar Mamin anunciar uma alta no aumento do preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), que é usado tanto nas residências como para abastecer veículos.
Centenas de pessoas saíram às ruas em diversas cidades e na terça-feira (04/01) o governo decretou estado de emergência para conter os atos. Na quarta, o presidente Kassym-Jomart Tokayev aceitou a renúncia do primeiro-ministro e nomeou interinamente para a chefia do governo o então vice-premiê, Alihan Smaiylov.
Nesta quinta, o interino anunciou que vai segurar o aumento do preço do GLP por mais seis meses para tentar acalmar a crise de “maneira urgente”. “A medida é para tentar estabilizar a situação socioeconômica”, diz o governo em nota oficial.
No entanto, os protestos se acentuaram e ficaram cada vez mais violentos, com alguns grupos invadindo prédios públicos.
Nesta quinta, a União Europeia também se manifestou sobre a crise cazaque, pediu que as tropas de paz respeitem “a soberania e a independência do Cazaquistão” e condenou a violência ocorrida em Almaty.
“A UE condena a violência ocorrida em Almaty e em outras cidades e lamenta a perda de vidas humanas”, disse ainda um porta-voz do escritório de Assuntos Exteriores, ressaltando a necessidade de “moderação”.
*Com Ansa e Sputnik