Condenado a prisão perpétua por um tribunal militar em abril do ano passado, Abdulhadi al Khawaja e outros 20 ativistas políticos do Bahrein passarão por um novo julgamento que poderá reverter suas sentenças.
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O anúncio da decisão foi feito nesta segunda-feira (30/04) pelo governo do Bahrein, e surge como uma resposta direta aos três meses de greve de fome conduzidos pelo grupo de al Khawaja. Eles são acusados de tentar depor a monarquia que rege o país em meio à Primavera Árabe.
Agora, o caso deve ser apreciado por uma corte civil, o que indica uma tentativa do governo do Bahrein de amenizar a pressão interna e externa que se formou em torno do respeito aos Direitos Humanos no país.
Encabeçada por familiares e partidários de al Khawaja, a campanha em favor da libertação do ativista que liderava o Centro do Bahrein para os Direitos Humanos ganhou maior peso nos últimos dias.
Uma tentativa de boicote ao controvertido Grande Prêmio de Fórmula Um do Bahrein foi deflagrada por manifestantes e o embaixador da Dinamarca no país já reiterou o pedido de liberdade para al Khawaja, que possui cidadania escandinava. Ainda assim, após perder 25% de sua massa corpórea, ele permanece detido em estado grave, em um hospital militar.
O anúncio não satisfez sua família, que alega que, de qualquer forma, a detenção prosseguirá. Em sua conta no Twitter, a filha do ativista, Maryan, reforça que seu pai “não começou uma greve de fome dizendo ‘morte ou novo julgamento’, mas sim ‘morte ou liberdade’”. Para ela, “julgar novamente não vai adiantar muito”.
Em declaração à emissora britânica BBC, a esposa de Khawaja, Khadija al-Moussawi, diz que a medida “é ridícula”, pois o governo estaria “tentando ganhar tempo e assassinando lentamente” seu marido.
A Sociedade pelos Direitos Humanos no Bahrein emitiu uma nota na qual lembra que o novo julgamento será conduzido por uma corte civil, mas que todo o trabalho de acusação continuará sendo feito por promotores militares.
Suspeitando que Khawaja estivesse sob sofrimento excessivo na prisão, o rei do Bahrein, Hamad Al Khalifa, instalou em novembro de 2011 a BICI (Comissão Independente de Investigação do Bahrein, na sigla em inglês). Contudo, as diretrizes do órgão tem sido ignoradas desde então e ganharam algum peso apenas com a decisão de hoje.
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