Mais de três mil médicos do serviço de atendimento público do Peru estão em greve há mais de um mês. As principais reivindicações da FMP (Federação Médica Peruana) são um aumento salarial de 580 dólares mensais, melhores condições de trabalho e a formalização de todos os profissionais da rede.
Para a Ministra da Saúde, Midori de Hábich, esse valor é inviável. “Não podemos chegar nesse valor neste momento, o que podemos oferecer é 263 dólares”, afirma.
Diante do impasse, os médicos ameaçam deixar os postos de diversos hospitais em Lima a partir da próxima segunda-feira (22/10). “Profissionais de diversas especialidades largarão suas áreas de trabalho em forma de protesto”, assegura o presidente da FMP, Cézar Palomino.
Os médicos também exigem a renúncia de Midori de Hábich. “Vemos que outros setores têm avançado significativamente no tema de remuneração sem a necessidade de uma reforma prévia, então percebemos que falta respaldo à ministra. Exigimos que se nomeie outro ministro para negociarmos”, protesta Palomino.
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O vice-ministro de Saúde, José de Carmen Sara, por sua vez, diz que os médicos têm rechaçado todas as propostas do governo, deixando a situação sem resolução. “Já oferecemos até mesmo abonos que seriam um complemento do salário.”
Outra tentativa do governo de encerrar a greve foi a promessa de nomear 75% dos médicos para o setor público no próximo ano, o que também ficou em desacordo. “Queremos a nomeação de todos os médicos, é injusto nomear uns e outros não”, argumenta Palomino.
Prejuízos
Estima-se que aproximadamente 16 mil pessoas em Lima estão sendo afetadas pela greve dos médicos. Segundo a FMP, cinquenta mil cirurgias foram adiadas.
No mandato de Ollanta Humala, os investimentos para o setor de saúde não chegam a 5% do PIB peruano. O presidente tem dado poucas declarações sobre o assunto, mas diz estar “trabalhando por um país melhor” e que “resolverá os problemas dos médicos”.
Hoje pela manhã, os médicos protestaram em frente ao Hospital São Bartolomeu, em Lima, acorrentados aos portões de entrada da unidade médica.
“Isso significa que estamos presas a um salário injusto há muito tempo, por isso essa forma de protestar”, disse a médica Flor Carvalho, diretora do hospital.