Apesar dos efeitos da crise econômica no Chile, a presidente Michelle Bachelet conta com 67% de aprovação, índice mais alto não apenas do seu governo, que começou em 2006, mas desde a redemocratização do país, em 1990. Os dados foram divulgados hoje (7) pelo instituto privado de pesquisa Adimark.
As medidas adotadas para compensar os efeitos da crise explicam a boa vontade da população em relação a Bachelet, na avaliação do pesquisador Thiago de Aragão, diretor de análise de risco político latino-americano da consultoria Arko Advice.
Com uma economia baseada em exportações, que representam 45% do PIB (Produto Interno Bruno), a crise provocou alto índice de desemprego: 9,2% no país, segundo a agência de empregos Fuerza Laboral (Força Trabalhista), e 12,8% na capital Santiago, o pior percentual desde setembro de 2003, segundo pesquisa feita pela Universidade do Chile.
Em setembro de 2008, quando a crise financeira veio a público, o país tinha excedente para lidar com a situação e estabeleceu planos para reduzir os impostos e controlar o desemprego. Essas reservas – 21,5 bilhões de dólares (47,6 bilhões de reais) – foram acumuladas com a venda de cobre, quando o preço estava alto. O metal é o principal produto exportado, representando 56% das vendas do país e mais de um terço da arrecadação.
“Uma das mais recentes medidas contra a crise, responsável pelo crescimento da popularidade de Bachelet, é o bônus de 60 dólares que beneficia dois milhões de chilenos com dificuldade econômica. Numa população de 15 milhões de habitantes, isso tem um forte impacto”, afirma Aragão.
Em janeiro desse ano, o governo anunciou um plano de estímulo fiscal de quatro bilhões de dólares (aproximadamente nove bilhões de reais), o equivalente a 2,8% do PIB. Um dos objetivos é reduzir o nível de desemprego em 1,5 ponto percentual.
Leia mais:
Crise econômica causa desemprego recorde no Chile
Transantiago
A popularidade de Bachelet variou muito durante seu mandato. Quando assumiu, em março de 2006, tinha 62,1% de aprovação; em setembro de 2007, estava com 35,3%; e em março de 2009, com 62,2%.
O pesquisador da Arko Advice atribui a baixa aprovação em 2007 ao fato de o governo não ter implantado nenhum programa que beneficiasse diretamente a população com as reservas do cobre.
Para ele, outro ponto negativo é a estratégia política de Bachelet. “Ela não responde diretamente quando é criticada, prefere tentar trazer os opositores para perto. A população espera que ela responda às críticas”.
A baixa popularidade coincidiu com a implantação, em fevereiro de 2007, do sistema de transporte público urbano Transantiago, que introduziu uma rede integrada com o metrô na capital. Houve vários problemas, causados por falhas de planejamento e implantação, nos primeiros dias. A oferta de ônibus foi insuficiente, o sistema de cobrança eletrônica mal funcionou e o metrô ficou superlotado.
Eleições
As próximas eleições acontecem no dia 11 de dezembro. Bachelet não pode concorrer, já que não existe reeleição imediata no Chile. Os principais candidatos à presidência são o democrata-cristão Eduardo Frei, da governista Concertação, e o empresário Sebastián Piñera, da Aliança pelo Chile.
Pesquisa
Dos três presidentes anteriores desde a redemocratização, Patricio Aylwin (1990-94) e Eduardo Frei (1994-2000) nunca superaram a barreira dos 60%. Ricardo Lagos (2000-2006) teve no máximo 61%.
A pesquisa foi feita por telefone entre 6 e 30 de abril com 1.024 pessoas, com margem de erro de 3%.
Leia também:
Crise mundial e corrupção esquentam a campanha eleitoral chilena
NULL
NULL
NULL