Israel proíbe embaixada espanhola de fornecer serviços consulares a palestinos da Cisjordânia ocupada

O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, anunciou nesta sexta-feira (24/05) que impedirá a embaixada espanhola de fornecer serviços consulares aos palestinos na Cisjordânia ocupada. A medida foi tomada após a Espanha reconhecer a Palestina como um Estado independente, no início da semana, e após os comentários pró-Palestina realizados pela vice-premiê e ministra do Trabalho do país, Yolanda Díaz.

“Em resposta ao reconhecimento de um Estado palestino por parte da Espanha e ao apelo antissemita da vice-primeira-ministra espanhola de não apenas reconhecer o Estado palestino como também falar em ‘libertar a Palestina do rio ao mar’, decidi cortar a relação entre a representação da Espanha em Israel e os palestinos, e proibir o consulado espanhol em Jerusalém de prestar serviços aos palestinos da Cisjordânia ocupada”, comunicou Katz, em rede social.

In response to Spain’s recognition of a Palestinian state and the antisemitic call by Spain’s Deputy Prime Minister to not just recognize a Palestinian state but to ‘liberate Palestine from the river to the sea,’ I have decided to sever the connection between Spain’s…

— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) May 24, 2024

No texto, o chanceler também atacou Yolanda Díaz que, por meio de um vídeo publicado pela plataforma X dias atrás, havia defendido a decisão do governo espanhol de Pedro Sánchez, concluindo a mensagem com a frase “a Palestina será livre do rio ao mar”.

El reconocimiento del Estado palestino es una cuestión de derechos humanos y legalidad internacional.

La situación en Palestina nos obliga a no quedarnos aquí. Tenemos que seguir trabajando para acabar con el genocidio y conseguir un alto el fuego. pic.twitter.com/Tk3fKZw5V2

— Yolanda Díaz (@Yolanda_Diaz_) May 22, 2024

O slogan faz referência às fronteiras da Palestina durante o mandato britânico, entre o rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, antes da criação do Estado de Israel, em 1948. 

As tensões entre Tel Aviv e Madri aumentaram após o episódio de 7 de outubro de 2023, quando as operações israelenses passaram a se intensificar em solo palestino. 

Em novembro de 2023, o então ministro das Relações Exteriores Eli Cohen decidiu convocar o embaixador israelense na Espanha após Sánchez questionar a legalidade das operações militares em Gaza. Em seguida, o embaixador espanhol em Israel também foi convocado.

Espanha, Irlanda e Noruega reconhecem o Estado da Palestina

Na quarta-feira (22/05), as nações europeias de Espanha, Irlanda e Noruega anunciaram a decisão de reconhecer a Palestina como Estado independente a partir de 28 de maio.

A tríade sinalizou esperar que outros países sigam o passo, diante do “perigo” que a solução de dois Estados enfrenta devido ao massacre de Israel contra a população palestina em Gaza. Segundo uma contagem da Autoridade Palestina, 142 dos 193 Estados-membros da ONU expressaram apoio ao reconhecimento. 

A iniciativa de Madri, Dublin e Oslo foi celebrada como o início de uma “etapa importante” pelo Hamas e como um momento “histórico” pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), considerada internacionalmente a única representante legítima do povo palestino.

“Chegou o momento de passar das palavras à ação, de dizer aos milhões de palestinos inocentes que sofrem que estamos com eles, que há esperança”, declarou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no Parlamento em Madri.

(*) Com Brasil de Fato e Middle East Eye