Brasil e Argentina assinaram hoje (19) um acordo de troca de divisas, que permite que cada país disponha de um valor estimado em 3,5 bilhões de reais, ou o equivalente em pesos (7,2 bilhões ao câmbio de hoje). O acordo foi feito por ocasião da primeira visita do ministro da Economia Amado Boudou ao Brasil, onde se encontrou com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
A troca de divisas, denominada tecnicamente de “swap de moedas”, permitirá que o banco central de qualquer um dos países saque dinheiro do outro à taxa básica de juros atual (8,75% no caso do Brasil e 11% no caso da Argentina) caso necessite fortalecer suas reservas – uma espécie de linha de crédito.
A respeito da diferença entre as taxas de juros, Mantega comentou em entrevista coletiva que o acordo é mais proveitoso para o país vizinho. “É mais conveniente para a Argentina sacar dinheiro do Brasil [que o contrário]”, declarou.
Para o economista Ricardo Carneiro, professor da Fundação João Pinheiro, em Minas Gerais, o acordo tem como objetivo ajudar a Argentina, mais afetada que o Brasil pela crise econômica. “É um gesto para reverter a situação ou evitar que continue se deteriorando”, explicou ao Opera Mundi. “É do interesse do Brasil manter relações positivas com o país”.
Alberto Ramos, analista sênior para América Latina do banco de investimentos Goldman Sachs, pensa que a questão do swap é meramente simbólica. “É mais uma questão de fazer acordo regional sem procurar uma terceira moeda, para mostrar que as nossas são fortes”.
Mantega disse que os recursos para o acordo provêm da disponibilidade financeira do Banco Central, já que o crédito é feito em moeda brasileira. Ele ainda explicou que foi assinado apenas um memorando de entendimento, que possibilitará o início das discussões, e que ainda não existe previsão de data para que o swap entre em operação.
“As assessorias jurídicas e os bancos centrais dos dois países ainda têm que detalhar as questões institucionais e as normas que vão reger esse crédito”, disse.
Em abril deste ano, a Argentina assinou um acordo parecido com a China de cerca de 10,2 bilhões de dólares (aproximadamente 18 bilhões de reais).
Amado Boudou foi nomeado ministro uma semana depois da derrota governista nas eleições parlamentares, em julho deste ano.
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