O acidente nuclear da usina de Fukushima, em 2011, teria gerado um animal mutante? É o que revela um estudo publicado na última quinta-feira (09/08) pela revista científica Scientific Reports. Nele, cientistas da Universidade de Ryukyus, em Okinawa, relatam alterações substantivas na forma e no comprimento das pernas, antenas e asas da Zizeeria maha, uma borboleta acinzentada comum no país.
A tese é de que a exposição das larvas desses insetos ao material radioativo liberado com o acidente nuclear de 2011 causou mutações em seus genótipos. Dois meses após o colapso dos reatores de Fukushima, a equipe liderada pelo biólogo Joji Otaki coletou 144 adultos de Zizeeria maha em 10 diferentes localidades do Japão
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Ao comparar os espécimes, coletados de diferentes regiões, concluíram que as áreas com maior concentração de material radioativo abrigavam justamente a borboletas com asas e olhos menores que o comum. Otaki disse à emissora britânica BBC era comum acreditar “que insetos eram altamente resistentes à radiação”. Nesse sentido, alega que seu estudo foi, ao menos, “inusitado”.
Foi apenas ao cruzar essas borboletas a quase dois mil quilômetros de Fukushima que os cientistas identificaram as anomalias. A pesquisa demonstra que, em gerações passadas, o animal não apresentava, por exemplo, antenas deformadas, que agora podem prejudicar a procura de parceiras para o acasalamento.
No início de 2012, a equipe pôde retornar novamente ao local do acidente e verificou que o número de borboletas que traziam consigo traços de radioatividade havia mais que dobrado desde a primeira visita. A presença de material radioativo em seus organismos pode ser tanto uma herança genética de seus pais como resultado da alimentação contaminada da área.
Meio ambiente
Otaki considera a Zizeeria maha um excelente “indicador ambiental”, tanto para demonstrar a concentração da material radioativo na região quanto para atestar as consequências de outros fenômenos antrópicos. “Antes, nós também já havíamos alertado a transformação das cores dessa borboleta em resposta ao aquecimento global”, alega. “Como esse inseto é encontrado em ambientes artificiais – por exemplo parques públicos –, ele pode monitorar [o resultado de ações humanas]”.
Há 17 meses, os efeitos do acidente de Fukushima eram dados como mínimos. Contudo, traços de césio radioativo em concentração superior à permitida pela legislação japonesa foram encontrados no litoral do país e afetaram imediatamente o trabalho de pescadores locais.
Também pequenas porções de isótopos de césio (137 e 134) foram detectados e mais de doze atuns capturados em San Diego, na costa pacífica dos Estados Unidos, em agosto do ano passado.
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