Em meio a acusações por parte da direita norte-americana de querer doutrinar a juventude com “ideias socialistas”, o presidente Barack Obama lançou hoje (8) um apelo aos jovens de seu país para que se esforcem nos estudos, “única forma de conseguir um bom emprego no futuro”.
Nas últimas duas semanas, depois que Obama anunciou a intenção de inaugurar o ano letivo com seu primeiro discurso sobre educação e com a intenção de deixar claro seu pensamento, a direita fundamentalista norte-americana se mobilizou em peso e acusou o presidente de querer doutrinar as crianças e jovens com “ideias socialistas”.
Os presidentes nos Estados Unidos normalmente não inauguram anos escolares. De resto, há poucos antecedentes sobre visitas a escolas no mês de setembro ou mesmo discursos sobre o tema. Quando muito, os presidentes visitam escolas para promover campanhas de leitura entre jovens e adolescentes. Quando as torres gêmeas de Nova York foram atacadas em 11 de setembro de 2001, George W. Bush estava numa escola de Sarasota, na Flórida, participando de uma sessão de leitura (veja trecho do filme abaixo).
A campanha contra Obama chegou a níveis tais que as autoridades educativas e políticas em pelo menos quatro estados, Flórida, Montana, Texas e Utah, proibiram os alunos de presenciar o discurso do presidente nas escolas. Pais disseram à imprensa que não queriam que os filhos assistissem ao evento.
Michael Reynolds/EFE/Pool
Obama durante o discurso
“Temos de impedir que o presidente contamine nossos filhos com seus planos educacionais e idéias socialistas”, afirmou na semana passada o líder dos republicanos na Flórida, Jim Greer.
A preocupação dos críticos parece girar em torno da necessidade de manter uma divisão bem definida entre a política e o mundo educativo, num momento em que o Departamento de Educação lançou uma campanha para pedir aos jovens que “ajudem o presidente a governar”.
A isto, soma-se o medo de muitos pais de que o presidente usasse o discurso para convencer os estudantes de que o governo é a solução dos problemas do país. Além disso, a campanha parece uma espécie de continuação da que foi lançada pelos republicanos contra o plano de reforma de saúde do presidente.
Leia mais:
Obama encontra resistência até entre aliados para aprovar reforma de saúde
Mas hoje Obama não falou de saúde. Mostrou-se preocupado com o futuro do país e as influências de redes sociais como o Facebook, amplamente utilizadas em sua campanha, no futuro das crianças. “Tenham cuidado com o que escrevem ou colocam no Facebook, porque pode um dia aparecer nas vossas vidas e virar-se contra vocês”, avisou Obama, numa conversa com um grupo de estudantes, antes do discurso.
“Cada um de vocês tem alguma coisa na qual é melhor que os outros, mas é vossa responsabilidade descobrir isso”, disse o presidente aos estudantes da escola secundária de Wakefield, nos arredores de Arlington, na Virgínia. O discurso foi transmitido só pelo canal público C-SPAN e o site da Casa Branca.
Obama revelou que quando adolescente, sendo órfão de pai, era “uma espécie de irresponsável”. “A minha meta era só chegar ao time universitário de basquete e me divertir. Mas percebi que não ia passar disso se não estudasse”.
Ele formou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Columbia, em Nova York. Depois, estudou direito em Harvard e graduou-se em 1991. Foi o primeiro negro norte-americano a ser presidente da conceituada revista Harvard Law Review.
Nesta manhã, quando se dirigia à escola, ao atravessar uma ponte à saída de Washington, o presidente não pôde deixar de ver um enorme cartaz empunhado por um manifestante: “Senhor presidente, afaste-se de nossos filhos”.
Apoio do casal Bush
Mas nem tudo foram críticas. A ex-primeira dama Laura Bush, bibliotecária e professora de profissão, elogiou o discurso do presidente e sua iniciativa de falar aos estudantes.
“Os pais têm o direito de escolher o que seus filhos escutam na escola, mas também acho importante todo mundo respeitar o presidente”, disse Laura Bush à CNN, revelando que seu marido, o antecessor de Obama, está de acordo com ela e, por isso, se nega a criticar o atual presidente porque “considera que ele merece grande respeito e confiança”.
NULL
NULL
NULL