Agência Efe (17/10/12)
O Enviado Especial da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi, se reuniu com autoridades em diversos países do Oriente Médio
O Enviado Especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, desembarcou nesta sexta-feira (19/10) em Damasco para impulsionar uma trégua temporária entre as forças da oposição e do regime de Bashar al Assad. O diplomata argelino se reunirá com representantes de ambas as partes nos próximos dias.
“Nós vamos conversar sobre um possível cessar-fogo e o conflito sírio de forma geral. É importante que haja diminuição de violência. Nós vamos conversar com o governo, partidos e grupos políticos e com a sociedade civil sobre a situação no país”, disse ele ao chegar na capital síria.
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Brahimi se reuniu com autoridades de diversos países da região nas últimas semanas em busca de apoio para um plano de paz. O diplomata propõe que as forças pró-Assad e os grupos opositores concordem em realizar uma trégua temporária a partir do dia 26 de outubro, por conta da festividade muçulmana Eid al-Adha (Festa do Sacrifício).
A proposta encontrou suporte de importantes atores regionais. A Turquia, um dos maiores financiadores das forças rebeldes, pediu para o governo de Assad aceitar o plano do diplomata. “É importante que o regime sírio, que bombardeia seu próprio povo, suspenda imediatamente esses ataques”, afirmou o ministro de Relações Exteriores de Ancara, Ahmet Davutoglu, depois de sua reunião com Brahimi.
O Irã, o principal aliado de Assad na região, também apoiou o cessar-fogo. “Nós consideramos o estabelecimento de uma trégua imediata um passo importante para ajudar o povo sírio”, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdullahian, citado pela agência estatal Mehr.
As autoridades iranianas acrescentaram, no entanto, que um dos maiores problemas no conflito sírio é a interferência externa. Teerã se referia ao apoio financeiro e militar que Arábia Saudita, Catar, Turquia e outras potências ocidentais dão aos grupos rebeldes que há 19 meses lutam pelo poder na Síria.
Inesperadamente, Teerã e Ancara se reuniram nesta terça-feira (16/10) para discutir o conflito sírio e a proposta de Brahimi. O premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, disse que os países concordaram em promover um cessar-fogo no país a partir do dia 25 de outubro, conforme proposto por Brahimi, informou a Agência Efe. “Enfatizamos que seria melhor se os países com um interesse primordial na crise, como Egito, Arábia Saudita e Rússia, fizessem também apelos para o cessar-fogo”, disse ele.
O governo sírio sinalizou que pode aderir ao cessar-fogo proposto pelo diplomata argelino, mas apontou preocupação quanto ao cumprimento do acordo pelas forças opositoras. Em entrevista nesta terça-feira (16/10) à rede estatal Sana, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jihad Makdessi, reiterou que qualquer tipo de iniciativa em direção à paz requer o empenho das duas partes.
Makdessi afirmou que as autoridades sírias estão esperando a chegada de Brahimi para saber os resultados das negociações com outros governos da região, incluindo aqueles que financiam as forças opositoras. O porta-voz ainda acrescentou que o governo de Bashar al Assad espera que a iniciativa do diplomata possa levar a algum resultado efetivo.
De acordo com estimativas do Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização opositora baseada em Londres, pelo menos 33 mil pessoas morreram em decorrência do conflito. Cerca de 262 mil pessoas já fugiram do país, segundo dados do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados).
Autoridades e especialistas temem que o conflito possa levar a uma desestabilização da região e se espalhar para outros países. “Não podemos esperar que a crise síria permaneça dentro das fronteiras do país”, alertou Brahimi nesta quarta-feira (17/10) segundo a rede Al Jazeera.
Nesta sexta-feira (19/10), uma bomba explodiu em bairro central de Beirute, capital libanesa, aumentando o temor de que o conflito sírio tenha chegado ao país vizinho.