O caminho escolhido pelo Brasil, especialmente desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva, para aumentar a importância de seu papel na geopolítica mundial tem sido intensificar as relações comerciais e diplomáticas com outros países em desenvolvimento. Membro dos Brics, do G20 e do Ibas, a Índia é um de nossos principais parceiros nessa estratégia.
À primeira vista, os dois países apresentam muitas semelhanças: grandes território e população, economia em crescimento, busca por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, desigualdade social, entre outros. Se analisarmos a trajetória de cada um deles no século XX, porém, percebemos que as escolhas políticas foram bastante divergentes.
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É o que fica evidente com a leitura de Política Internacional Comparada – O Brasil e a Índia nas novas relações Sul-Sul (Ed. Alameda). Organizada por Marcos Costa Lima, a obra tem 13 artigos divididos em três partes: “A dimensão contemporânea da política na Índia”, “Cooperação Sul-Sul, regionalismo e desenvolvimento” e “Dinâmica da inovação, inclusão digital e condição periférica”.
Independente em 1947, a Índia optou, desde o início de sua história, pela forte presença do Estado, com incentivo às indústrias de base e às empresas familiares de pequeno porte. Os investimentos utilizados sempre foram nacionais, com os aportes estrangeiros fortemente regulamentados e restringidos.
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Tais características indianas só deixaram de ser prioritárias nas últimas décadas, após o Consenso de Washington. A implementação das medidas “sugeridas” pelos Estados Unidos, no entanto, também ocorreu de forma bastante diferente do que conhecemos na América Latina. De acordo com artigo de Sebastião Velasco Cruz, doutor em ciência política pela USP e pesquisador do Cedec (Centro de Estudos de Cultura Contemporânea), esse processo se deu, principalmente, com o retorno de economistas que se aperfeiçoavam em outros países.
Agência Efe
“Nas últimas décadas, os tecnocratas têm desempenhado um papel importante nas reformas econômicas em todo o mundo. (…) as reformas na Índia foram criadas no próprio país, o que reflete a experiência de seus principais arquitetos, que tinham estudado e trabalhado no exterior, mas mantiveram um olho afiado para a política econômica e a realidade da Índia”, aponta passagem de um texto do intelectual local, Devesh Kapur.
Sem fazer o julgamento sobre qual das trajetórias, do Brasil ou da Índia, foi a mais adequada para a segunda metade do século passado, a leitura é indispensável para os interessados em conhecer mais a história do país asiático e as percspectivas para as nações em desenvolvimento. O livro pode ser encontrado na Primavera dos Livros, realizada em São Paulo a partir desta quinta-feira (22/11).