O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva oficializou a remoção de seu embaixador de Israel Frederico Meyer. Ele vai assumir o cargo de representante especial do país junto à Conferência do Desarmamento, em Genebra, na Suíça.
A nomeação foi publicada nesta quarta-feira (29/05) no Diário Oficial da União. Com isso, a representação diplomática em Israel fica sem embaixador e será comandada pelo encarregado de negócios, o ministro Fábio Farias.
O anúncio acontece após o governo Lula ter condenado os ataques israelenses contra um campo de refugiados palestinos no último domingo (26/05) na Faixa de Gaza, que matou civis carbonizados e deixou diversos feridos.
Porém, a nomeação não indica uma ruptura total da relação diplomática de Brasília com Tel Aviv, mas é um gesto mais contundente contra o governo do premiê israelense Benjamin Netanyahu.
Na semana passada, Meyer havia retornado a Tel Aviv, conforme publicado em Opera Mundi. De acordo com fontes do Itamaraty consultadas, haviam questões pessoais do diplomata a serem resolvidas no país.
Isso por que, o assessor especial da Presidência da República do Brasil, Celso Amorim, já havia declarado que Meyer não deveria voltar ao cargo, apesar do retorno.
Em fevereiro passado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mandou o embaixador voltar de Tel Aviv para o Brasil, após o governo Netanyahu ter classificado Lula como “persona non grata” ao comparar publicamente o cenário de genocídio na Faixa de Gaza ao Holocausto, o que deteriorou as relações diplomáticas entre Israel e Brasil.
Meyer foi convocado quando o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, submeteu o diplomata a “humilhação”, como classificaram fontes da chancelaria brasileira também em conversa com Opera Mundi, ao chamá-lo para uma reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
Brasil condena ataque em Rafah
Todo o anúncio do novo cargo do diplomata Meyer ocorre enquanto Israel avança em Rafah, na fronteira entre Gaza e Egito.
O Brasil condenou o ataque aéreo israelense que matou cerca de 45 palestinos carbonizados em um campo de refugiados, chamando atenção para o fato de que “essa nova tragédia demonstra o efeito devastador sobre civis de qualquer ação militar israelense” na região.
Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, o governo classificou a operação militar israelense na região como “sistemática violação aos Direitos Humanos e ao Direito Humanitário Internacional”, além de ser um “desrespeito” às medidas ordenadas pela Corte Internacional de Justiça na última semana.
A decisão da CIJ não parou Israel, que entre segunda-feira (27/05) e terça-feira (28/05), matou 46 pessoas, segundo informou o Ministério da Saúde palestino.
(*) Com Ansa.