O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, aprovou nesta quinta-feira (13/05) o financiamento do novo sistema antimísseis fabricado por Israel. O chamado Iron Dome (cúpula de ferro), que custará 205 milhões de dólares ao governo norte-americano, é capaz de detectar pequenos mísseis no ar e interceptar apenas aqueles que podem causar danos.
A medida, que soluciona a dificuldade orçamentária de Israel que vinha adiando o reforço do armamento, tem como principal objetivo evitar o desperdício de armas caras para derrubar os foguetes de pequeno porte Qassam e Katyushas, lançados por militantes palestinos.
Segundo o jornal israelense Haaretz, o projeto israelense é de última tecnologia, o que teria despertado o interesse norte-americano, que colocou como condição da assistência militar a futura troca de no mínimo dez baterias do Iron Dome para as forças armadas dos EUA.
“O acordo possibilita que os EUA posteriormente apliquem esta tecnologia no Iraque ou até mesmo no Afeganistão, onde suas tropas muitas vezes são atingidas pelo tipo de míssil que o Iron Dome intercepta”, explica o professor Max Abrahms, especialista em terrorismo e segurança, e membro do conselho da Universidade Stanford em entrevista ao Opera Mundi.
Para ele, a atitude norte-americana visa apenas aprimorar seu sistema de defesa, e não intensificar a intervenção no conflito árabe-israelense. Abrahms acredita que a questão entre Israel e a Palestina é tão complicada que uma aprovação como esta é incapaz de afetar as relações entre os três lados envolvidos.
“É um conflito local que gera e demanda implicações internacionais, sejam elas positivas ou negativas. Os EUA têm um papel secundário neste cenário e não são atitudes como esta que vão fazer a diferença”.
Questionado se a aprovação pode criar outro entrave na possível retomada de diálogo entre Israel e Palestina, o especialista tem convicção que não, e explica que neste sentido os esforços de qualquer país podem sim fazer a diferença.
“É preciso que as duas partes entrem em um consenso urgentemente e, neste sentido, até mesmo o Brasil pode colaborar na retomada da paz entre as duas nações. Porém, o financiamento, mesmo estando relacionado a defesa militar, não tem força para comprometer estes diálogos, até porque não foi isso que os EUA buscaram, mas sim parceria de tecnologia”, argumenta.
Falta de dinheiro
O projeto Iron Dome começou há alguns anos a pedido do Ministério da Defesa de Israel, e em sua primeira versão incluía além do desenvolvimento da tecnologia, treinamentos e uma nova unidade para operar o sistema de defesa.
No entanto, concluída a fase de testes, os fabricantes se viram sem recursos suficientes porque o exército israelense desviou orçamentos para a aquisição de armas ofensivas de última tecnologia nos EUA, o que paralisou o projeto e posteriormente exigiu o pedido de financiamento.
Em entrevista ao Haaretz, o porta-voz do Ministério da Defesa de Israel disse que a eficácia do sistema impressionou os norte-americanos e que “o programa de assistência é um grande avanço que irá facilitar consideravelmente as ações daqui em diante”.
Necessidade
Abrahms concorda que o Iron Dome representa um importante avanço tecnológico, mas adverte que a mídia e as autoridades internacionais não devem criar alarde em torno dele, já que é apenas um programa de financiamento e não o foco de toda discussão sobre Israel e Palestina.
“A questão não é a aprovação ou não do sistema antimísseis e sim a real necessidade de usar um recurso que bloqueie explosivos. É evidente que ele se torna necessário a partir do momento em que a utilização de mísseis é constante, e é exatamente isso que deveria ser debatido. Temos que agir para que os conflitos armados e a violência não sejam mais necessários, isso é mais eficaz do que criar mecanismos para barrá-los”, conclui.
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