Em reunião com deputados no Parlamento da Grécia, o primeiro-ministro do país, Alexis Tsipras, tentou justificar na noite desta sexta-feira (10/07) os motivos pelos quais ele optou por uma nova oferta aos credores europeus — que contemplava políticas de austeridade como corte de pensões, aumento de impostos e privatizações — enviada no dia anterior.
“Eu fiz o que era humanamente possível em difíceis circunstâncias”, declarou Tsipras aos parlamentares. “Sim, nós cometemos erros durante as negociações, admitiu.
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Tsipras fala a parlamentares nesta noite em Atenas; premiê tentou minimizar críticas a seu novo projeto e busca respaldo de políticos
As palavras de Tsipras vêm em uma tentativa de obter a aprovação do Legislativo para a execução desse novo pacote de reformas em troca de um plano de resgate de 53 bilhões de euros até 2018 por parte do Eurogrupo.
Contudo, uma parcela da população criticou a nova oferta e foi às ruas nesta sexta, questionando sobre as reais intenções de Tsipras em vista da vitória do “não” a um acordo com credores no modelo da austeridade tradicional europeia no referendo da última semana.
“De agora em diante, temos à nossa frente um campo minado: há armadilhas que eu não posso esconder de ninguém”, argumentou o premiê. “Nós lutamos pelos direitos do povo grego e eu tenho certeza que essa batalha não foi em vão”, completou.
Zona do euro
Durante pronunciamento, Tsipras também afirmou que, durante a campanha pelo “não” no referendo do último domingo (05/07), ele jamais disse que estaria votando para ficar ou sair da zona do euro. “Eu nunca pedi ao público para votar pelo ‘não’ no sentido de uma ruptura ou de uma Grexit”, explicou.
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Parlamento grego votará nesta madrugada a respeito de execução e apoio de ajuste fiscal proposto por Tsipras
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Para o chefe de governo grego, se os deputados apoiarem seus planos de austeridade, Atenas poderá colocar para trás a ameaça de saída da zona do euro e iniciar um processo de crescimento e investimento. “Pela primeira vez, nós iremos falar sobre a sustentabilidade de nossa dívida”, declarou.
“Nós temos que concordar que o pacote de reformas que nos foi pedido é duro. Mas nós temos a possibilidade de obter um acordo que acabe com a Grexit”, ponderou. “Temos o dever de continuar lutando com orgulho. Nós temos que tomar difíceis decisões, eu tenho certeza, mas nós vamos lutar para continuar na Europa”.
Tensão no Parlamento
Em meio à tensão na sede do Legislativo grego, o ex-vice premiê e deputado do Pasok (Movimento Socialista Pan-helénico) Evangelos Venizelos interrompeu o pronunciamento de Tsipras e gritou: “você está mentindo!”.
EFE
Membros do sindicato comunista grego Pame tomaram às ruas de Atenas nesta sexta contra o novo pacote de reformas de Tsipras
Para Vangelis Meimarakis, líder interino do partido Nova Democracia, principal legenda opositora ao governista Syriza, Tsipras é o responsável por criar essa crise com os sócios europeus. Meimarakis, que substituiu o ex-premiê Antónis Samaras no cargo de liderança da oposição, disse que o atual chefe de Governo deve ir a Bruxelas e voltar para casa logo com um acordo.
Em tom conciliatório, o ministro das Finanças, Euclidis Tsakalotos, que assumiu o cargo na última semana após a renúncia de Yanis Varoufakis, disse que a atual proposta de Tsipras é melhor do que a oferecida pelos credores europeus antes do referendo, apesar de ter um caráter de recessão.
“Estamos em um posicionamento melhor, mas o programa sobre a mesa machucará o crescimento do país”, analisou.
A votação entre os parlamentares ocorrerá durante esta madrugada em Atenas e antecipará o encontro previsto para o sábado (11/07) entre os ministros de Finanças dos 19 países da zona do euro para se decidir se estão de acordo com a criação de um terceiro programa de resgate à Grécia.