Centenas de pessoas se reuniram em Nanterre, região metropolitana nos arredores de Paris, neste sábado (29/06) para homenagear Nahel Merzouk, de 17 anos, cuja morte, que completou um ano em 27 de junho. O jovem da periferia foi baleado durante um controle policial com abordagem controversa e o fato provocou vários dias de tumultos e confrontos em toda França, mas com repercussão internacional, levantando a questão da violência policial.
Liderada pela mãe e pelos parentes da vítima, atrás de uma faixa com os dizeres “Justiça para Nahel e todos os outros”, a procissão partiu no início da tarde da esplanada Charles de Gaulle, a algumas centenas de metros do bairro Pablo Picasso, onde o adolescente morava, em direção à Praça Nelson Mandela, onde ele morreu.
Muitos jovens seguiram a marcha silenciosos vestindo camisetas brancas com os dizeres: Justiça para Nahel, executado em 27/06/2023 e a data de nascimento do rapaz. “Estamos aqui para apoiar a mãe dele”, disse à AFP a jovem Fatou, de 16 anos, que participou com alguns amigos.
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Um manifestante usa uma camiseta com os dizeres “Justiça para Nahel, nascido em 25/02/2006, executado em 27/06/2023” durante uma marcha em homenagem a Nahel, um jovem de 17 anos que foi baleado no peito pela polícia em 2023, em Nanterre, um subúrbio de Paris, em 29 de junho de 2024.
O caso Nahel
O jovem foi morto em 27 de junho de 2023 por uma bala disparada à queima-roupa por um policial de moto que controlava o veículo que ele dirigia. De acordo com a investigação, o veículo dirigido por Nahel havia sido parado pelo trânsito após uma perseguição.
Uma versão inicial da polícia, segundo a qual o jovem havia colidido com o motociclista, foi rapidamente refutada por um vídeo amador da cena postado nas redes sociais.
Os dois policiais podem ser vistos ao lado do veículo, apontando suas armas para o rapaz ao volante. Um deles abriu fogo contra o motorista quando o veículo começou a se mover novamente. O carro então se chocou contra um bloco de concreto a algumas dezenas de metros de distância. Os policiais afirmaram que estavam correndo perigo de vida porque estavam presos entre o carro e uma parede.
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Assassinato de Nahel Merzouk causou grande comoção na sociedade francesa
O policial que efetuou o disparo fatal, Florian M., de 38 anos de idade na época do incidente, foi acusado de homicídio e preso por cinco meses, algo incomum para um policial na França. Ele foi libertado e colocado sob supervisão judicial em novembro, após várias solicitações de seu advogado.
Uma reconstituição dos eventos foi realizada em 5 de maio na presença de advogados, o policial que disparou o tiro, seu colega que estava presente no dia e várias testemunhas que foram confrontados com suas declarações, especialmente para determinar se Florian M. estava em perigo de vida.
A morte de Nahel levou a tumultos em uma escala sem precedentes em toda a França. Um relatório do Senado francês estimou que os danos causados pelos tumultos e vandalismo por populares custaram €1 bilhão (R$ 6 bilhões na cotação atual).