A situação atual da economia colombiana – com projeção de queda do PIB (Produto Interno Bruto) e aumento da pobreza – poderia ter sido evitada se o governo tivesse aproveitado melhor os anos de crescimento, economizando gastos e diversificando a pasta de exportação, afirmaram especialistas.
Na opinião dos entrevistados, o governo abandonou qualquer política industrial. Segundo eles, quem recebeu a ajuda foram projetos de plantio de palmeiras para biodiesel, de cana-de-açúcar para etanol, e das zonas francas para facilitar a estabilização de empresas estrangeiras.
O que parece claro, segundo Arturo Cancino, economista e coordenador de Relações Internacionais da Universidade Central de Bogotá, é que “os ganhos do momento de forte crescimento não foram investidos em modernização ou industrialização, e nem sequer em algo tão elementar como a infraestrutura viária”.
O Banco Mundial corrobora a tese de Cancico ao reconhecer que “em matéria de vias, existe um atraso à altura dos países mais pobres da América Latina, como Belize e Honduras”. Por exemplo, o Chile, com um terço da população colombiana e metade do território, tem quatro vezes mais quilômetros de estradas com pista dupla.
“Blindado”
Enquanto o restante do mundo estudava medidas para superar a crise, o governo colombiano se considerava “blindado”, tanto que em março o ministro da Fazenda, Óscar Iván Zuluaga, em visita a Nova York, confirmou a vários investidores internacionais e agências de classificação de risco que o governo colombiano esperava um crescimento do PIB de 3% para 2009.
Por isso, o governo promoveu com grande atraso medidas de choque para combater a crise. Essas medidas, segundo afirmou o governo na última reunião do FMI (Fundo Monetário Internacional), se concentram em grandes obras públicas de infraestrutura pela faraônica cifra de 55 bilhões de pesos (cerca de 50 milhões de reais).
Para Alejandro Gaviria, da Faculdade de Economia da Universidade dos Andes, no entanto, “isso foi só um exercício retórico, que contabiliza investimentos públicos e privados. Destes, alguns se realizaram, mas muitos, não”. Cancino observa que, além disso, “também o investimento público é fictício, porque se trata de projetos antigos que, por vários problemas, não foram executados antes.”
Outros países
Em comparação com os outros países latino-americanos, a queda moderada do PIB e as exportações colombianas, que diminuíram menos que as do Chile, Brasil e México no primeiro semestre de 2009, fazem com que o governo considere o comportamento da Colômbia um êxito. Mas os analistas coincidiram em reconhecer que, nestes países, as quedas são mais homogêneas e não causam tantos problemas sociais quanto na Colômbia.
O Chile baseia sua economia nas exportações, o que o enfraquece nas crises mundiais. O Brasil é pouco afetado pela crise porque exporta manufaturas para o mundo todo e tem uma economia diversificada, com um enorme mercado interno que, graças a Lula, se expandiu, ampliando as possibilidades econômicas das classes mais baixas.
O México, por sua vez, embora tenha um mercado interno importante, fundou seu modelo econômico nas exportações aos Estados Unidos. Caindo esta economia, a mexicana cai automaticamente.
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