O governo do Iêmen diz que há terroristas brasileiros entre os 12 supostos integrantes mortos na última terça-feira (30/04) após uma ofensiva militar contra a Al Qaeda. O presidente iemenita, Abd Rabbu Mansur Hadi, não informou os nomes nem quantos seriam os brasileiros mortos na ação. O Itamaraty disse hoje que, até o momento, ainda não conseguiu averiguar a veracidade das informações.
O presidente iemenita foi enfático ao dizer que 70% dos combatentes da organização terrorista no Iêmen são estrangeiros. “Quem estiver em dúvida sobre isso deve ir aos necrotérios e ver os corpos. Eles são do Brasil, Holanda, Austrália, França e outros países”, disse Hadi, em cerimônia de graduação na academia de polícia de Sanaa, capital do país.
Agência Efe
Para combater braço da Al Qaeda no país, governo do Iêmen deu início à maior operação antiterror desde 2012
A declaração do presidente foi feita no mesmo dia da reunião da entidade Friends of Yemen (“Amigos do Iêmen”), instituição que reúne potenciais doadores internacionais e parceiros do país iemenita, o mais pobre da Península Arábica. Na conferência, o chanceler britânico, William Hague, pediu que os doadores apoiassem os esforços do Iêmen no combate à Al Qaeda.
O tema da segurança no Iêmen foi outro importante tópico abordado pelo presidente Hadi em sua fala ontem. “A maioria das empresas internacionais demonstrou disposição em investir no país, mas com a exigência de que sejam garantidas as condições adequadas de segurança”,afirmou Hadi, segundo noticiado pela agência estatal de notícias Saba. E completou: “A segurança é fundamental para a estabilidade e os investimentos”.
Agência Efe
“Segurança é fundamental para estabilidade e investimentos”, disse o Hadi ao enfatizar a presença de terroristas estrangeiros
Ao chamar a atenção para a quantidade de integrantes estrangeiros na organização terrorista, o presidente iemenita tenta apontar ao país e à comunidade internacional que a agenda da Al Qaeda não é essencialmente iemenita.
Apesar de ser compreensível a presença de não-iemenitas na organização — já que seu surgimento ocorreu após a união das células da Arábia Saudita e Iêmen —, autoridades do país têm relatado o aumento da entrada de extremistas sauditas.
NULL
NULL
Maior ofensiva desde 2012
Apoiadas pela Força Aérea e por membros de grupos armados locais, as tropas do Exército iemenita levaram a cabo a operação militar nas zonas montanhosas da região sul do país, onde acredita-se haver um campo de treinamento do grupo. Além da morte de 12 supostos integrantes do braço da organização terrorista no Iêmen (a Al Qaeda na Península Arábica), autoridades informaram que houve diversas baixas nas ações: 18 soldados iemenitas morreram, 10 ficaram feridos e 15 foram capturados pelos islamitas.
A operação terrestre foi realizada dez dias após uma bateria de ataques aéreos “sem precedentes” — empreendida com o apoio de drones dos Estados Unidos — ter executado cerca de 60 pessoas na região de Shabwa. Um dia antes, outro bombardeio aéreo havia atingido 10 supostos membros da Al Qaeda, além de 3 civis, na província de Bayda.
Por meio de sua aliança com o Iêmen, os EUA oferecem extensa assistência na operação antiterror iemenita. Embora o Pentágono negue envolvimento, uma fonte militar disse à CNN que soldados das tropas de Operações Especiais norte-americanas acompanharam os iemenitas na ofensiva de dez dias atrás.
Os EUA afirmam que a Al Qaeda na Península Arábaica, cuja atuação se estende também à Arábia Saudita, é o braço mais poderoso da organização terrorista. O grupo jihadista ganhou força desde 2011, aproveitando-se do levante popular que afastou do poder o então presidente, Ali Abdullah Saleh.