Israel divulgou nesta quinta-feira (30/08), pela primeira vez, documentos relacionados ao ataque palestino à delegação israelense nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, por ocasião dos 40 anos do atentado, em 5 de setembro.
A publicação dos documentos pela imprensa local é fruto de uma negociação de seis meses entre o principal jornal do país, o Yedioth Ahronoth, e o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que temia que a divulgação dos arquivos pudesse prejudicar as relações entre Israel e a Alemanha.
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Os documentos não apresentam nenhuma revelação extraordinária sobre o atentado ou a operação de resgate realizada pela polícia alemã, mas descrevem o estado de grande ansiedade que viveu o governo da primeira-ministra Golda Meir e a sua frustração com o resultado da ação.
“Não fizeram o menor esforço para salvar vidas”, disse em um dos arquivos o então chefe do Mossad, Zvi Zamir, ao comentar a operação das forças de segurança alemãs. Zamir também mencionou que a preparação da polícia foi insuficiente e criticou os alemães: “a única coisa que desejam é seguir com os Jogos Olímpicos e encerrar o assunto”.
Segundo outro documento, Israel pediu à Alemanha autorização para enviar à vila olímpica uma unidade de elite para resgatar o grupo de atletas e treinadores israelenses sequestrados pela organização armada palestina, Setembro Negro. A Alemanha não aceitou o pedido e deixou a operação em mãos de suas forças de segurança, que no resgate mataram cinco dos oito sequestradores.
No sequestro e na fracassada operação de resgate morreram onze atletas e treinadores israelenses. Os quarenta anos do atentado gerou há meses uma polêmica entre Israel e o COI (Comitê Olímpico Internacional), que se negou a lembrar do episódio durante a cerimônia de abertura dos Jogos de Londres.
O COI argumentou que não queria dar uma conotação política ao evento, mas o presidente da entidade, Jacques Rogge, participou da cerimônia do Comitê Israelense para relembrar o episódio.
Após o atentado, o governo de Golda Meir resolveu vingar a morte dos atletas em uma operação conhecida como Ira de Deus, e a Mossad matou os líderes do Setembro Negro. Sobre este episódio, não foram revelados arquivos relevantes.
“Não temos somente que nos defender, mas também atacar. É preciso buscar os terroristas e matá-los. É preciso transformá-los de perseguidores em perseguidos”, afirmou Meir em uma conversa que manteve com um deputado socialista que pedia vingança e não sabia que a operação “Ira de Deus” já estava em andamento.