Israel abriu nesta sexta-feira (28/5) ao trânsito palestino – pela primeira vez desde 2002 – uma importante estrada que liga Jerusalém a Tel Aviv e atravessa parcialmente o território ocupado da Cisjordânia. O estado judeu foi obrigado a cumprir a medida pela Suprema Corte israelense. No entanto, um novo bloqueio foi instalado, agora em Ramallah.
Em dezembro de 2009, a máxima corte israelense deu um prazo de vários meses para que o Exército abrisse aos palestinos a rota, fechada por causa de diversos ataques contra automóveis de israelenses no início da segunda Intifada. A Corte considerava desproporcional a interdição, que tinha levado organizações de direitos humanos a acusar o país de haver transformado a via em uma “estrada do 'apartheid'” em território palestino.
Efe
Soldado israelense orienta palestinos em novo bloqueio, na Cisjordânia
Cerca de 40 mil veículos usam a cada dia a via, que desde sua construção, nos anos 1980, se tornou uma alternativa aos engarrafamentos da estrada 1 para ir de Jerusalém a Tel Aviv. O Exército impedia o acesso dos palestinos tanto a pé como em veículos, por meio de grandes blocos de cimento, montes de areia ou lixo e outros tipo de obstáculos nas entradas que provinham de seus povoados.
Desde esta manhã os palestinos podem usar a via, porém, ainda terão dificuldades para chegar à capital da Cisjordânia, Ramalah, pois o Exército colocou uma nova barreira no acesso à cidade. Além disso, os palestinos só terão duas rampas de acesso e quatro pontos de saída. O objetivo dessas novas limitações é, segundo fontes militares israelenses, “oferecer proteção a todos os que viajam pela via e minimizar as ameaças existentes”.
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Críticas
A Associação para os Direitos Civis de Israel (ACRI), que batalhou pela abertura da estrada, critica a nova fórmula por considerá-la uma forma “evidente” de burlar a sentença do Supremo. “Em vez de desfazer a grave injustiça cometida na última década, o Exército segue aproveitando cada lacuna das leis para manter a situação”, lamenta em comunicado.
Segundo a ONG, “a nova configuração cria a falsa impressão de novas regulamentações, autêntica liberdade de movimento e respeito ao Estado de direito, mas na realidade não há mudança alguma, e a situação dos palestinos apenas piorará”. A ACRI lembra ainda que os palestinos não têm acesso a 68 quilômetros de estradas na Cisjordânia e são seriamente prejudicados na tentativa de utilizar 164 quilômetros.
Os palestinos se mostraram pouco otimistas, como Mohammed Suleiman, de Beit Ur el Foqa, uma aldeia próxima à rota, que considera que a nova ordenação não é “nem prática nem cômoda” porque impõe “três controles e muitas voltas em troca de muito pouco”.
Naji Suleiman, responsável pelo conselho municipal de Beit Ur Etahta, acredita que “as pessoas detestam atravessar blitze militares, e não usarão a estrada para evitar atritos com os soldados”.
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