O Itamaraty confirmou nesta terça-feira (27/05) que houve um ataque massivo de hackers à rede de comunicação interna do Ministério. Apenas o sistema de email institucional dos funcionários, identificado sob o domínio “@itamaraty.gov.br”, foi afetado, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores.
Embora a dimensão total da invasão ainda seja incerta, o Itamaraty assegura que apenas informações pessoais e profissionais trocadas por funcionários, alguns dos quais diplomatas lotados no exterior, foram acessadas. O sistema Intradocs, rede interna que reúne todas as comunicações diplomáticas, inclusive as sigilosas, não foi invadido, segundo o Ministério. Por motivos de segurança, o conteúdo das informações vazadas não foi divulgado pelo órgão.
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Palácio do Itamaraty, em Brasília; Ministério tem 1.500 diplomatas de carreira lotados no exterior
Para conter os danos do ataque, o MRE conta com a ajuda de outros órgãos públicos, como a Polícia Federal e o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Ontem, o sistema de e-mails e leitura de documentos foi tirado do ar para passar por uma manutenção geral que deve evitar novas ações indevidas. A partir de amanhã (28), a rede de comunicação deve voltar, gradualmente, à normalidade.
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O método utilizado pelos hackers foi o “phising”, que consiste em emails falsos disfarçados com remetentes conhecidos e assuntos com aspecto verídico: quando o dono da conta abre o anexo, sua senha, além de outros números sigilosos, é capturada. Os ataques, realizados desde o dia 19 de maio, teriam atingido um número ainda indeterminado de servidores — especula-se que 1.500 diplomatas brasileiros em todo o mundo tenham sido vítimas da invasão.
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Segundo o jornal Folha de S.Paulo, alguns documentos do Intradocs — que estavam anexados a emails — foram copiados. Entre os textos vazados, haveria conteúdo sobre a participação brasileira na cúpula de segurança nuclear realizada na Holanda, em março, além de textos preparatórios da visita do vice-presidente norte-americano, Joe Biden, ao Brasil durante a Copa do Mundo.
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No mês passado, o relator da CPI da Espionagem, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), concluiu que o Brasil tem um sistema vulnerável a esse tipo de ataque. Em setembro do ano passado, depois de denúncias de que o governo dos Estados Unidos monitorou milhões de emails e telefonemas no Brasil, inclusive da presidente Dilma Rousseff, foi criada a CPI da Espionagem. As denúncias foram feitas pelo ex-consultor Edward Snowden, que prestava serviços à NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA) e atualmente está asilado na Rússia.
(*) Com informações da Agência Brasil