A vitória conservadora nas eleições britânicas sem maioria absoluta acabou surgindo como um balde de água fria para o líder do partido, David Cameron. Isso porque os tories conquistaram somente 306 assentos (36% dos votos), frente a 258 dos trabalhistas (29%), faltando 20 assentos para controlar o Parlamento. Para isso, deverão formar um governo de coalizão, pela primeira vez desde 1974. Nesse sábado (8/5), o líder dos liberal-democratas, Nick Clegg, discutirá com Cameron a possibilidade de se unirem. Ontem (7/5), o primeiro-ministro Gordon Brown ofereceu uma reforma política em troca do apoio dos Libdems.
A possibilidade de uma coalizão de centro-esquerda, entre trabalhistas e liberal-democratas – que registraram 57 assentos – é teoricamente possível, mas um cenário que incomoda o mercado financeiro. De fato, ontem a libra chegou a perder três centavos contra o dólar, chegando a valer 1,46, e 2,6 centavos de dólar frente ao euro, a 1,15 euros, até que Clegg disse que negociaria antes com os conservadores por ser o partido mais votado.
Contudo, poucos acreditam que isso vá acontecer. Jeremy Corbyn, deputado trabalhista, disse que é “extremadamente improvável” que o partido governe com os Libdems, já que ambos os partidos não conquistariam a maioria. “É uma questão de números”, afirmou ao Opera Mundi, acrescentando que Brown deve anunciar sua demissão nos próximos dias, abrindo assim um período de reflexão dentro do Partido Trabalhista para a eleição de um novo líder.
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As casas de aposta britânicas apontam que os conservadores formarão um governo com os liberal-democratas, com apoios concretos dependendo do tema a ser tratado no Parlamento. Cameron, nas primeiras declarações após o resultado ser divulgado, estendeu a mão a Clegg, oferecendo também negociar a reforma eleitoral, uma das demandas mais importantes do partido, que exige um sistema proporcional.
Cameron lembrou que ambos partidos têm pontos em comum, como a criação de uma “economia verde” e a eliminação da proposta trabalhista de incremento da cotização da segurança social. E apesar de estar convencido da necessidade de cortar imenso déficit do estado, que alcançou 167 bilhões de libras (247 milhões de dólares) somente no ano pasado, afirmou estar aberto a fazer algumas concessões, sobretudo diminuir os impostos dos menos favorecidos.
Se prevê, portanto, um final de semana de intensa negociação entre conservadores e liberal-democratas. O objetivo é anunciar um acordo no começo da semana que vem, antes que os mercados reajam negativamente.
Após as imagens de milhares de pessoas fazendo fila, e sem poder votar devido ao alto comparecimento, do resultado das negociações depende não só quem vai gobernar, mas o prestígio da democracia britânica.
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