Os poloneses decidem neste domingo (20/6) entre Bronislaw Komorowski, liberal e europeísta e Jaroslaw Kaczysnki, ultraconservador, nacionalista e defensor da moral católica. Komorowski é o representante da Polônia cosmopolita, da Varsóvia dos arranha-céus e dos centros financeiros. Kaczysnki é o preferido da população rural, dos idosos e dos que ainda veem com receio a adesão à União Europeia.
Em um país com 95% de católicos, a Igreja continua tendo uma influência destacável. Komorowski está a favor do Estado laico, mas “se sente parte da Igreja e gostaria que esta instituição fosse um lugar para pessoas de diferentes visões políticas e ideologias”. Defende o aborto e a necessidade de uma legislação sobre a fertilização in vitro. Kaczysnki é radicalmente “contrário a qualquer reforma que vá de encontro aos ensinamentos católicos e à moral cristã”.
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Quando o assunto é política exterior, Kaczysnki e seu partido Lei e Justiça apoiam a integração com a União Europeia “sempre que seja benéfico à Polônia”. Acreditam numa cooperação energética e militar, mas são céticos com a integração política do bloco. “Temos que superar o nosso complexo de inferioridade dentro da Europa e começar a dialogar com outros países”, declarou recentemente em coletiva à imprensa. Kaczysnki é contrário à ideia de um superestado europeu e defende uma forte aliança política e militar da Polônia com os Estados Unidos.
O candidato do partido Plataforma Cívica, Komorowski, tem como prioridade as relações com a União Europeia e promete também uma reconciliação com a Rússia, assunto que não faz parte da agenda de Kaczysnki.
A diferença entre o voto rural e o urbano são claros na Polônia. “Os votos do partido Lei e Justiça vêm de grupos que perderam com a transição à economia de mercado. São pessoas mais velhas e antigos trabalhadores de indústrias tradicionais”, explica Krzysztof Pankowski, do instituto de opinião pública CBOS. “Os jovens das grandes cidades são os que votam na Plataforma, partido de Komorowski”.
Entre os eleitores, há “Komorowski não significa a modernização da Polônia. Ele é apenas menos conservador que Kaczysnki, o que não é muito difícil. Se analisarmos os temas sociais, chegamos à conclusão que a Polônia continuará tão conservadora como há 20 anos”, explicou o estudante de Ciências Políticas Tomás Grzesik.
Esquerda sem chances de vitória
Em terceiro lugar nas pesquisas, com 13% de intenção de voto, Gregório Napieralski é o único representante da esquerda nas eleições que se realizam hoje na Polônia. Com apenas 36 anos, o mais novo dos candidatos defende o aborto, a total separação da Igreja e do Estado e o casamento gay.
No entanto, o candidato não conseguiu o apoio dos outros partidos de esquerda. Włodzimierz Cimoszewicz, primeiro-ministro polonês em 1996 e 1997 pelo partido Aliança da Esquerda Democrática (SLD), decidiu apoiar o candidato Komorowski no primeiro turno “para evitar um crescimento do ultraconservador Kaczysnki”.
Entre os partidos de esquerda, critica-se a falta de experiência de Napieralski. “Na Polônia a aparência também é importante. Ele é muito jovem para assumir um cargo de tanta responsabilidade”, explicou com exclusividade ao Opera Mundi o escritor Andrei Krajewski.
A menos de uma hora do fechamento das seções eleitorais, o clima de expectativa aumenta com a aparente alta participação popular.
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