Durante a cerimônia do 70º aniversário do ataque atômico dos EUA contra a cidade de Hiroshima, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, pediu nesta quinta-feira (06/08) o fim das armas nucleares à comunidade internacional.
“Hoje, quando se completam 70 anos do ataque que tirou a vida de tanta gente e transformou a cidade em cinzas, sinto de forma especial a importância da paz”, declarou Abe, expressando condolências aos sobreviventes e aos parentes das vítimas.
EFE
Premiê Shinzo Abe depositou coroa de flores em memorial às vítimas da bomba atômica
O chefe de governo ainda anunciou que apresentará medidas para o desarmamento nuclear durante a próxima cúpula de líderes do G7, que será realizada em 2016 na cidade japonesa de Shima. “O Japão, o primeiro país que sofreu um ataque nuclear na história, tem a responsabilidade de atuar nesse sentido”, afirmou Abe.
Com a presença de representantes de mais de 100 países, a cerimônia em Hiroshima fez um minuto de silêncio no Parque Memorial da Paz às 8h15 locais, a hora exata em que um avião norte-americano disparou a primeira bomba nuclear da história a poucos metros de onde o ato era realizado.
Entre os presentes estavam a embaixadora dos EUA no Japão, Caroline Kennedy, a subsecretária de Estado dos EUA para o Controle de Armas e a Segurança Internacional, Rose Gottemoeller, assim como representantes de outras potências nucleares, como Reino Unido, França e Rússia.
EFE
Japoneses criam homenagem às vítimas com velas no rio Motoyasu, em Hiroshima
Após o minuto de silêncio, o prefeito de Hiroshima, Kazumi Matsuiu, pediu a Shizo Abe e a outros líderes mundiais que trabalhem “incansavelmente” para conseguir um mundo livre de armas nucleares. O prefeito ainda convidou o presidente dos EUA, Barack Obama, a “contemplar a realidade provocada pelo armamento atômico”.
“Não é preciso dizer que é uma lembrança muito poderosa do impacto durável que tem a guerra nas pessoas, nos países, mas também destaca a importância do acordo fechado com o Irã para reduzir a possibilidade de mais armas nucleares”, comparou o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.
“Países como Rússia e Estados Unidos estão trabalhando para reduzir o número de armas nucleares existentes. Nosso coração está com os sobreviventes”, assegurou Kerry, que está na Malásia para um fórum regional.
EFE
Japoneses rezam pelas vítimas de ataque: quase 250 mil mortos em duas bombas atômicas
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Já a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, ressaltou que a necessidade de seguir trabalhando pelo desarmamento.
“O 70° aniversário das tragédias no Japão representam uma nova chamada ao mundo inteiro para que siga perseguindo a não proliferação de armas de destruição em massa de forma efetiva”, afirmou a italiana, insistindo na responsabilidade coletiva de “garantir que as vítimas de Hiroshima e Nagasaki sejam as últimas de bombardeios atômicos”.
Entenda caso
Em 1945, ainda no contexto da 2ª Guerra Mundial, os Estados Unidos lançaram a bomba “Little Boy” (pequeno garoto) sobre Hiroshima, resultando na morte de cerca de 140 mil civis japoneses – 80 mil de forma imediata.
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Imagem da nuvem atômica de Hiroshima, que se acredita ter sido formada cerca de 30 minutos após detonação
Três dias depois e em meio à resistência japonesa em capitular diante do conflito, Nagasaki foi alvo da ogiva norte-americana “Fat Man” (Homem Gordo), matando, no total, mais de 250 mil civis. As duas bombas forçaram a rendição do Japão, resultando no fim da 2ª Guerra Mundial.
Mesmo 70 anos depois, dois hospitais da Cruz Vermelha japonesa seguem atendendo milhares de pessoas que sofrem com as consequências da radiação desses ataques. Apenas em 2014, as duas instalações atenderam a mais de 10.000 vítimas que sofrem com doenças decorrentes das bombas, sobretudo câncer.
Apesar dos tratados de desarmamento nuclear, a quantidade existente de armas deste tipo, mais de 16 mil, seria suficiente para armar todos os países do mundo com 85 ogivas — ou o equivalente ao arsenal nuclear de Israel, como indica o último Boletim dos Cientistas Atômicos, publicado ano passado.