O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, participarão, no próximo mês de julho, em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista, de uma conferência que debaterá a inserção do Brasil no cenário internacional e os novos rumos da política externa do Itamaraty.
A “Conferência Nacional 2003 – 2013: Uma nova política externa”, marcada para os dias 15 a 18 de julho, na UFABC (Universidade Federal do ABC), pretende debater a posição internacional do Brasil na última década e vai discutir os processos decisórios e a participação da sociedade civil na formulação da política externa brasileira.
O evento também reunirá nomes como o ex-chanceler e atual ministro da Defesa, Celso Amorim, e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
Para o coordenador do evento, o professor Giorgio Romano Schutte, o encontro servirá também para suprir uma ausência sobre a discussão do novo protagonismo do país no cenário internacional: “O Brasil antes era visto como um problema, hoje ele é chamado para opinar. Isso não é megalomania, é fato. As pessoas querem saber do Brasil”, afirma.
“Anteriormente, relações internacionais eram vistas como um tema a ser tratado só como política de Estado, para ser resolvido por diplomatas. Houve sempre resistência por parte da sociedade quando se falava sobre política externa. E, por vários motivos, a mídia tradicional sempre se aprofundou muito pouco sobre as mudanças que ocorreram nesse setor nos últimos dez anos, sempre com um viés muito negativo”, diz o professor de Relações Internacionais da UFABC.
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Ele cita, por exemplo, as críticas ao governo brasileiro sobre quando este conseguiu, juntamente com a Turquia, chegar a um entendimento com o Irã a respeito do programa nuclear do país persa. “Diziam simplesmente que o Brasil não deveria se meter em assuntos como esse. Por que não? O Brasil tem sim o que dizer sobre Irã, Líbia e Palestina”, afirmou.
Segundo Romano, a grande mudança de patamar do país ocorreu em 2008, quando o país soube se situar com protagonismo entre o G20 e os Brics e passou a ter visibilidade quando aumentou os investimentos sociais como resposta à crise mundial.
Outros temas que entrarão em pauta são a cooperação internacional para o desenvolvimento; comércio internacional e a responsabilidade da OMC (Organização Mundial do Comércio); Direitos Humanos e política externa, a integração regional e o papel do Brasil; Desenvolvimento e sustentabilidade social e ambiental; a política das empresas multinacionais brasileiras na América Latina e fora dela; e a atuação do Brasil nos foros multilaterais e nas novas alianças como as comunidades BRICS e IBSA (Índia, Brasil e África do Sul).
O evento contará com participação de acadêmicos, representantes do governo, movimentos sociais, ONGs e ativistas políticos e sindicais.
Romano destaca também o crescimento do interesse dos estudantes brasileiros pelo tema de Relações Internacionais. Na UFABC, por exemplo, o curso foi o mais procurado entre os alunos que realizaram bacharelado de Ciências e Humanidades e que podem completar a formação com outras carreiras em 2012. “Estou assustado, o interesse é grande demais. Há uma preocupação de que essa procura vire modismo, mas ela corresponde a uma demanda real”, afirma Romano, ressaltando que o aumento de interesse pelo tema não ocorre só no meio acadêmico, mas na própria sociedade.