Os moradores de Benghazi, no leste da Líbia, conseguiram expulsar de suas bases vários grupos extremistas, entre eles, o principal grupo paramilitar, a milícia salafista Ansar al-Sharia. Os confrontos deixaram pelo menos quatro mortos e outras pessoas 40 foram hospitalizadas.
Efe
Líbio balança bandeira nacional enquanto mostra foto de um familiar morto durante conflito na Líbia em 2011
Aos gritos de “o sangue dos mártires não foi derramado em vão”, os manifestantes invadiram o quartel-general do grupo, que foi saqueado e incendiado. Em seguida, eles partiram para o quartel-general da brigada de Raf Allah al-Sahati, um grupo islamista sob a autoridade do ministério da Defesa, onde foram travados combates até que a brigada abandonasse o local.
Os manifestantes ocuparam a instalação militar, situada na região de Hawari, a 15 quilômetros do centro de Benghazi, saqueando armas, munições e material de informática. O grupo Ansar al-Sharia era acusado de ser o responsável pelo ataque ao consulado norte-americano que deixou quatro mortos, incluindo o embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Chris Stevens, no dia 11 de setembro passado.
Antes de expulsar o Ansar al-Sharia, dezenas de milhares de líbios haviam protestado em Benghazi na sexta-feira contra as milícias armadas, dez dias depois do ataque ao consulado. As manifestações começaram de forma pacífica, reunindo milhares de pessoas e ofuscando uma concentração de salafistas que protestavam contra um filme ofensivo ao Islã e contra as caricaturas de Maomé publicadas na França e na Alemanha.
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“Não aos grupos armados”, “Sim ao Exército na Líbia”, estava escrito nos cartazes exibidos pelos manifestantes. Outros cartazes apresentavam homenagens ao embaixador norte-americano morto no ataque: “A Líbia perdeu um amigo”, “Queremos justiça para Stevens”.
Caos
O ataque ao consulado, ocorrido durante um protesto contra o filme anti-Islã produzido nos Estados Unidos, evidenciou a incapacidade das autoridades em garantir a segurança no país, assim como o aumento de poder de grupos islâmicos radicais na Líbia. Benghazi, segunda maior cidade do país, onde teve início em 2011 a onda de contestação ao regime de Kadafi, foi palco nos últimos meses de vários ataques contra alvos ocidentais e de assassinatos de autoridades de segurança.
As autoridades líbias advertiram contra o “caos” e pediram aos manifestantes que diferenciem as brigadas “ilegítimas” daquelas que estão sob a autoridade do Estado. O presidente do Parlamento, Mohamed al-Megaryef, elogiou a reação da população contra as “brigadas à margem da legitimidade”. Ao mesmo tempo, pediu aos manifestantes que abandonem as áreas ocupadas pelas brigadas do ministério da Defesa e citou Raf Allah al-Sahati, a brigada de 17 de Fevereiro e o Escudo da Líbia.
Ansar
A milícia islâmica da Líbia Ansar al-Sharia disse neste sábado que evacuou suas bases em Benghazi por motivos de segurança. “O comandante do batalhão deu ordens aos membros de evacuar suas instalações e entregá-las para o povo de Benghazi”, disse o porta-voz Yousef al-Jehani. “Nós respeitamos as opiniões das pessoas de Benghazi e para preservar a segurança da cidade nós evacuaram o local.”
O grupo, que negou as sugestões de que foi responsável por um ataque contra o consulado dos EUA em Benghazi no qual o embaixador dos EUA e três outros americanos foram mortos, havia sido alvo de um protesto em massa na cidade na noite de sexta-feira.