A vinda ao Brasil de três importantes líderes do Oriente Médio este mês – o presidente israelense, Shimon Peres; o iraniano, Mahmoud Ahmadinejad; e o líder da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas – recebeu destaque na imprensa internacional e a avaliação de que a importância diplomática brasileira na região vem crescendo.
O primeiro a desembarcar foi Peres – hoje (10), em Brasília –, cuja viagem tem o propósito declarado de conter a “infiltração” do Irã na região. “O presidente explicará aos anfitriões que Israel não tem nada contra o povo iraniano, e sim contra Ahmadinejad, um dirigente fanático que se interessa mais pelo enriquecimento de urânio que pelo bem-estar de seu povo”, afirmou à AFP a porta-voz presidencial, Ayalet Frish.
O presidente do Irã tem visita marcada para 23 de novembro, enquanto o palestino Abbas deve vir no final do mês. Em julho, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, já havia se esforçado em Brasília para promover o Irã como uma nação hostil e com a intenção de construir armas nucleares.
Lieberman, chefe do partido de extrema-direita Yisrael Beiteinu (“Israel é Nosso Lar”), defende medidas duras contra a minoria árabe de seu país, sugere redesenhar as fronteiras israelenses para excluir áreas com forte concentração de cidadãos árabes e exigir dos que permanecerem em solo israelense a assinatura de um juramento de lealdade ao país. Cerca de 20% dos sete milhões de cidadãos de Israel são árabes.
Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o direito do Irã de desenvolver seu programa nuclear e chamou a república islâmica de “grande parceiro”.
Chance
Segundo reportagem da AFP, Lula vem se tornando um “ator-chave” no contexto das relações internacionais, por meio da boa convivência com líderes antagônicos como Fidel Castro e George W. Bush e, agora, os do Oriente Médio.
“Esta é uma chance para talvez os brasileiros desempenharem um papel construtivo no processo de paz e demonstrarem maior alcance em uma das questões mais críticas no mundo”, afirmou Ray Walser, do think tank conservador Heritage Foundation, sediado em Washington.
O texto continua ressaltando que o Brasil emergiu como uma potência econômica nos últimos anos e parece estar ganhando força diplomática. “Além da influência, alguns governos enxergam uma voz moderada em meio aos outros governos de esquerda na América Latina”, diz a agência de notícias francesa.
Na análise, o apoio brasileiro daria credibilidade ao Irã, algo que Israel quer evitar, pois vê o governo iraniano como uma ameaça devido ao plano nuclear e às declarações sobre o Holocausto, que causou a morte de 39 milhões de pessoas – dentre elas, 6 milhões de judeus.
Além do Brasil, na América do Sul o Irã mantém relações estreitas com a Venezuela e a Bolívia. No primeiro país, empresas iranianas estão construindo apartamentos, carros, tratores e bicicletas, enquanto no segundo, Teerã abriu uma embaixada.
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