Agência Efe (13/12)
Centenas de pessoas participam do funeral de Muhammed al Salaymeh, de 17 anos, morto por policial israelense
Centenas de pessoas protestaram nesta quinta-feira (13/12) contra a morte de um jovem palestino por uma policial israelense em Hebron, na Cisjordânia. O funeral de Muhammed al Salaymeh, de 17 anos, foi acompanhado por familiares, amigos e dezenas de ativistas que reiteraram sua inocência e rejeitaram a versão apresentada pelas Forças de Defesa de Israel.
Nascido no dia 12 de dezembro, o estudante caminhava até uma padaria para comprar um bolo de aniversário quando teve de passar por um posto de controle israelense, que são muito comuns nas cidades do território palestino ocupado. A oficial Nofar Mizrahi atirou contra seu corpo algumas vezes e Muhammad morreu dentro da base militar durante a noite desta quarta (12/12).
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“Nós perdemos um amigo, um irmão e um herói do esporte”, disse Ahmed al Jamal que havia celebrado a data naquela manhã na escola que o jovem frequentava. “Ontem era seu aniversário e ele comemorou com seus colegas. Estava indo comemorar em casa, mas nunca chegou lá”, lamentou seu tio, Nasser al-Salayma.
Reprodução (12/12)
Muhammed al Salaymeh na comemoração de seu aniversário na escola horas antes de sua morte
Os protestos começaram na noite de ontem (12/12), logo após a morte de Muhammed, e se estenderam até seu enterro no cemitério de Limboa, no norte da cidade. A família queria enterrar o corpo do jovem em um local próximo a sua casa, mas as autoridades israelenses não permitiram pela proximidade com o assentamento de Kiryat Arba.
A polícia de Israel reprimiu os protestos, disparando balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra os manifestantes. Os oficiais impediram até mesmo o pai do jovem de se aproximar de seu corpo logo após o ocorrido e lançaram uma bomba de efeito sonoro próxima de sua perna, que ficou ferida. Depois do funeral, dezenas de jovens atiraram pedras contra os tanques e bases militares da ocupação israelense.
Twitter/ Reprodução (13/12)
Oficiais israelenses disparam contra manifestantes que protestam contra morte de Muhammed al Salaymeh
Segundo o relato de ativistas e jornalistas presentes, dezenas de pessoas ficaram feridas nestes dois dias e pelo menos cinco estão internados com ferimentos graves. De acordo com as informações, os confrontos continuam na cidade palestina e Nasser Sharabati, de apenas 15 anos, sofreu com tiros de bala de fogo no peito, disparadas pelos soldados, e se encontra em estado grave.
“Estou feliz de que isso acabou sem nenhum ferido do nosso lado”
De acordo com a versão da polícia israelense, o jovem sacou uma arma de seu bolso enquanto passava pelo controle na base e rendeu um dos soldados presentes, ameaçando-o. A policial, sem hesitar, atirou em seu corpo três vezes até que Muhammed soltou seu colega e a arma. Quando seu corpo caiu no chão, os oficiais perceberam que sua arma era de brinquedo.
“Para mim era uma pistola real que estava sendo apontada e era minha responsabilidade agir”, explicou Mizrahi ao jornal Jerusalem Post. “Estou contente que isso acabou sem nenhum ferimento para o nosso lado e estou certa de que qualquer oficial faria o mesmo na minha situação”. Os postos de controle de Israel são repletos de equipamentos de segurança e militares bem treinados e munidos com armas.
Um médico palestino que estava na área escutou os disparos e correu até as proximidades da base, onde avistou uma mulher gritando contra os soldados, informa o site +972. Os oficiais autorizaram apenas que o médico se aproximasse do jovem, mas, quando o profissional chegou, o palestino já estava morto. Ativistas israelenses da organização B’Tselem tiraram fotos da cena, mas as forças de Israel deletaram as imagens.
História fabricada
“A história da arma de plástico é mentira e foi fabricada”, disse Nasser à agência France Press. Amigos e familiares de Muhammed contaram que ele tinha deficiência auditiva e pode ter se atrapalhado com as instruções dos oficiais no posto de controle, o que pode ter desencadeado a crise. Eles exigem que Israel divulgue as imagens das câmeras de segurança do local para confirmar sua versão, mas até o momento desta publicação, as autoridades não disponibilizaram.
Redes sociais
Imagens com a frase “Conheça a terrorista” e a foto da policial israelense rodaram as redes sociais de ativistas palestinos, israelenses e de outros países. Israel bloqueou a imagem e impediu a divulgação de seu nome, mas a informação já havia sido publicada e compartilhada centenas de vezes. Vídeos e fotos das manifestações também foram postados no Twitter.
*Colaboração de Arturo Hartmann