Entre os dias 6 e 9 de junho, os 27 países membros da União Europeia irão às urnas para eleger seus representantes no Parlamento Europeu, a única instituição da UE cujos membros são escolhidos por voto direto dos cidadãos. Na Espanha, a votação ocorrerá no dia 9. O país está em clima eleitoral, e os cidadãos têm sido incentivados a votar nestas eleições, que, como todas as que acontecem na Espanha, não tem obrigatoriedade de voto.
De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto “40 decibelios”, divulgada pelo jornal espanhol El País, o Partido Popular, representante da direita espanhola, é o primeiro colocado em termos de intenção de voto, com 33,2%. Em segundo lugar, com 30,1%, aparece o Partido Socialista Operário Espanhol. Depois vem o Vox, partido considerado de extrema direita, com 10,7%.
A coalizão de partidos de esquerda Sumar teria 5,6% dos votos. O Ahora Repúblicas, coalizão de partidos independentistas, aparece com 4,8% e a sigla de esquerda Podemos, com 4%. Ainda segundo a pesquisa, as outras siglas e coalizões representam, somadas aos votos em branco, 11,6%.
A votação acontece por listas fechadas. À medida que reúnem uma maior quantidade de votos, os partidos conseguem mais assentos no Parlamento Europeu. Assim, se as pesquisas acertarem as porcentagens de voto, o Partido Popular levaria 23 assentos e o Partido Socialista Operário Espanhol, 20.
Neste mesmo cenário, o Vox teria 7 deputados, as coalizões Sumar e Ahora Repúblicas teriam 3 assentos cada uma e o partido Podemos teria dois. A Coalizão por Uma Europa Solidária, também chamada de CEUS, e os partidos Junts e Se Acabó la Fiesta elegeriam um deputado cada um.
Debate regional, pautas nacionais
No último domingo (02/06), houve um debate público que gerou intensa repercussão no país, com muitas das pautas tratadas sendo relacionadas a questões internas da Espanha, ainda que o foco agora esteja na União Europeia.
Estiveram presentes: Dolors Montserrat, do Partido Popular; Teresa Ribera, do Partido Socialista Operário Espanhol; Jorge Buxadé, representante do Vox; Estrella Galán, da coalizão Sumar; Irene Montero, do Podemos, e Jordi Cañas, do Ciudadanos.
Um dos pontos que marcaram o debate foi a união das candidatas de esquerda, Teresa Ribera, Estrella Galán e Irene Montero contra o que chamam de ódio propagado pela direita e pela extrema direita. Em mais de uma ocasião, as três se referiram de forma negativa ao representante do Vox, Jorge Buxadé, chegando a chamá-lo, inclusive, de racista e xenofóbico.
As acusações estão relacionadas, entre outras coisas, ao fato de Buxadé relacionar o fenômeno da “imigração ilegal” com a insegurança, categorizando-o como o principal desafio que a Europa enfrente neste âmbito. A socialista Teresa Ribera responsabilizou a direita e a ultradireita pela polarização política e pela construção de muros contra as mulheres, contra as pessoas que têm ideias diferentes “em relação à sua liberdade e à sua sexualidade” e contra os migrantes.
A lei de anistia para os independentistas catalães também ocupou espaço de destaque no debate. A candidata Dolors Montserrat acusou o partido socialista de ter entregado a governabilidade da Espanha nas mãos de um fugitivo da justiça, referindo-se a Carles Puigdemont. O representante do Ciudadanos, Jordi Cañas, endossou o discurso de Montserrat dizendo que “se tem uma coisa que não tem a ver com os princípios e valores europeus é anistiar um golpista”.
Também estiveram presentes na discussão temas como a posição da Espanha em relação à guerra em Gaza, a Lei espanhola “Só Sim é Sim” e o Pacto Verde Europeu, que divide opiniões entre os candidatos.
Espanha em destaque
A Espanha, em 2024, passará a ocupar 61 das 720 cadeiras do Parlamento Europeu, ficando atrás, em número de cadeiras, somente da Alemanha (96), da França (81) e da Itália (76). Vale ressaltar que a quantidade de representantes eleitos por cada país da União Europeia se baseia no princípio da proporcionalidade decrescente. Ou seja, um eurodeputado de um país grande representa mais pessoas do que um eurodeputado de um país pequeno.
Segundo as pesquisas de abril do Eurobarômetro, o índice de cidadãos espanhóis que declaram interesse pelas eleições europeias aumentou. De 39% em 2019, ano das últimas eleições para o Parlamento Europeu, para 58% em 2024. Em relação à probabilidade de ir às urnas, 70% dos entrevistados espanhóis disseram, em abril deste ano, que é provável que votem no próximo dia 9.
Apesar de alguns países europeus começarem a votar no dia 6, os resultados não serão conhecidos antes do domingo, 9, quando os colégios eleitorais de todos os países tiverem fechado suas portas. A partir daí, caberá aos novos deputados do Parlamento Europeu formar grupos políticos transnacionais de acordo com a família política europeia à qual pertencem – também cabe a possibilidade de não inscrever-se em nenhum grupo. O Parlamento Europeu desenvolve as leis comunitárias, aprova e supervisiona os orçamentos, além de eleger o presidente da Comissão Europeia.