Segunda-feira, 16 de junho de 2025
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Estudantes da UvA (Universidade de Amsterdã), nos Países Baixos, estão há três semanas protestando contra a neoliberalização da educação superior e a falta de democracia na tomada de decisões internas. O movimento, chamado De Nieuwe Universiteit (A nova universidade) conquistou, na última semana, a adesão de funcionários da universidade.

O movimento foi iniciado em 13 de fevereiro, quando os jovens ocuparam o prédio principal da administração da universidade – o Maagdenhuis. Eles pedem que a gestão decida se atenderá as demandas da comunidade universitária ou seguirá com a lógica definida por eles como de “financeirização burocrática”. No site criado pelo movimento é possível acompanhar a organização estudantil.

Vídeo do início dos protestos:

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De acordo com o porta-voz dos estudantes, Tivadar Vervoort, em declarações ao NLTimes, os protestos tiveram início por causa do programa divulgado para 2016 pela administração, que “descreve a mescla de múltiplos cursos de bacharelado, como filosofia, história, língua holandesa e literatura inglês, como um único programa de artes liberais”.

De acordo com Vervoort, a mudança se deve ao fato de que há menos alunos estudando para se formarem professores, então a verba para o departamento foi cortada.

Movimento reflete crise da educação no mundo desenvolvido, com processos antidemocráticos, financeirização e abandono das funções cruciais, diz professor

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A inspiração para o movimento vem, segundo Rik Van Eijk, em declrações ao site Global Voices, da tradição democrática e de protestos que tem a UvA. Em 1960, o Maagdenhuis foi ocupado por cinco dias em uma demanda dos estudantes por um maior papel nas decisões da universidade.

O doutor em Política Econômica Internacional do Instituto Europeu Universitário Jerome Ross, em artigo publicado na revista Roar, pontua que, apesar de o protesto ser principalmente local, as demandas dos universitários e professores ultrapassam as fronteiras dos Países Baixos.

Estudantes ouvem exposição do professor ativista David Graeber:

“A Educação superior está em crise em todo o mundo desenvolvido. Estruturalmente subfinanciado, com severo excesso de financeirização e profundamente antidemocrático, universidades em toda parte estão aumentando o abandono das funções mais cruciais de outrora – a produção de pesquisas de alta qualidade e o papel de educar a próxima geração de qualificados, cidadãos conscientes – e se tornando cada vez mais empresas quase privadas, dirigidas por uma elite gerencial totalmente isolada”, escreveu Ross.