Algumas centenas de manifestantes lançaram garrafas contra a polícia ao fim da manifestação deste domingo (26/05) contra o casamento homoafetivo e adoção de crianças por casais do mesmo sexo na França, que correu de forma pacífica mas terminou em confusão na concentração na esplanada dos Inválidos.
Os envolvidos no ato, segundo as imagens e reportagens de vários veículos de imprensa franceses, são algumas “poucas centenas” de pessoas, depois que o terceiro grande protesto contra o casamento gay reuniu em Paris 150 mil pessoas, segundo a polícia, e “mais de 1 milhão”, segundo os organizadores.
No mesmo também foi comemorado o Dia das Mães – retratado como “O último Dia das Mães antes de sua liquidação” por um dos cartazes no protesto. No palco, palestrantes disseram não ser nem homofóbicos ou de extrema direita e, em meio a músicas contra o governo do socialista François Hollande, insistiram sobre o problema de filiação entre um menor adotado e duas mulheres ou dois homens.
O ministro do Interior francês, Manuel Valls, havia recomendado aos críticos da lei – promulgada há oito dias – que não levassem crianças à manifestação, pelo forte clima de tensão. Para conter possíveis incidentes, foi montado um esquema de segurança com 4.500 policiais. Quatro desfiles, três organizados pelo movimento Manif para Todos e um pelo Instituto Civitas, próximo dos católicos conservadores, partiram de quatro praças diferentes da capital francesa com destino ao centro.
Durante o dia, o único incidente foi registrado na sede do PS (Partido Socialista) em Paris, onde 20 militantes de extrema direita entraram sem permissão e abriram uma faixa no telhado com os dizeres: “Hollande renuncie”. Segundo David Assouline, porta voz do partido, os militantes fariam parte do grupo Geração Identitária.
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O resto da jornada, que coincidia com o Dia das Mães na França, ocorreu em um ambiente que o deputado Henri Guaino, do partido opositor UMP (União por um Movimento Popular) e próximo ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, descreveu, presencialmente, como “familiar, pacífico e paternal”. A líder do partido conservador Frente Nacional, Marine Le Pen, também estava presente.
Foi às ruas o líder da oposição conservadora, Jean-François Copé, que criticou as “inaceitáveis tentativas de pressão e de intimidação” do primeiro-ministro, Jean-Marc Ayrault, que ontem tinha acusado a UMP de contribuir para a “radicalização” ao apoiar os manifestantes.
Copé, presidente da UMP, prometeu que, caso seu partido ganhe as eleições presidenciais de 2017, realizará um referendo sobre essa lei, aprovada pela maioria de esquerda da Assembleia Nacional e no Senado. “O próximo encontro deveria ser nas cabines de votação para as eleições municipais”, a serem realizadas ano que vem, diz ele.
Philippe, um manifestante que veio de Biarritz, no sudoeste da França, e estava agarrado a uma bandeira basca, afirmou à Agência Efe que espera “que um dia haja um referendo ou que a lei seja derrubada antes”. “Queremos defender absolutamente a lei da família e da filiação, porque uma criança é o resultado único da união entre um homem e uma mulher”, explicou à Efe Laure de Cotte, uma manifestante que declarou que “é preciso defender as coisas normais, e não normalizar as que estão fora do circuito e são um pouco contra a natureza”.
A grande ausência neste domingo foi a da humorista Frigide Barjot, símbolo do protesto, que não compareceu porque diz temer por sua segurança, embora tenha passado o dia atendendo a vários veículos de imprensa.
Embora os manifestantes insistam em dizer que exercem um direito constitucional e que pretendem continuar com os protestos, uma pesquisa divulgada hoje mostra que 72% dos franceses acha que as manifestações deveriam terminar, uma vez sancionada a lei. Do total, 53% apoia o casamento gay, mas a pesquisa indicou também que houve uma queda de 10 pontos percentuais desde o início dos protestos, em novembro. O primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo será realizado nesta quarta-feira (29/05) em Montpellier.
Efe
Diretor e atrizes de filme que retrata romance lésbico ganha Palma de Ouro em Cannes
Ironicamente, na noite deste domingo um filme que protagoniza uma relação entre duas mulheres ganhou o prêmio da Palma de Ouro, entregue por Steven Spielberg em Cannes. O diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche e as atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux receberam a premiação pelo filme “La Vie d'Adèle” (“Blue is the Warmest Color”, em ingles e “A Vida de Adélia”, em livre tradução). O longa de três horas retrata a paixão e a dor entre uma adolescente, Exarchopoulos, e uma mulher mais velha, Seydoux, na França.
* Com informações de Efe, AFP e Reuters