O Parlamento Europeu e a oposição líbia concentrada no Conselho Nacional de Transição Interino (CNTI) pressionaram a União Europeia (UE) nesta quarta-feira (09/03) em Estrasburgo, nordeste da França, para que seja criada uma zona de exclusão aérea na Líbia.
Com exceção da Esquerda Unida Europeia (GUE/NGL), todos os partidos do Parlamento Europeu se mostraram favoráveis a bloquear o espaço aéreo líbio. O objetivo da medida, segundo os europeus, seria evitar os supostos bombardeios dos aviões de Muamar Kadafi sobre a população civil.
O CNTI, representado pelo chefe de sua comissão de crise, Mahmoud Jebril, marcou presença no Parlamento Europeu, onde expressou apoio à zona de exclusão aérea sobre a Líbia, contando ou não com o beneplácito de um mandato da ONU, condição requerida pelas potências ocidentais.
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“Se a zona da exclusão for a solução para frear essa máquina de assassinar (em referência a Kadafi), que seja feita”, mas “que essa missão não implique na presença de soldados estrangeiros em solo líbio”, declarou Jebril.
Em um debate com os eurodeputados sobre a resposta europeia na Líbia, a alta representante de Política Externa e Segurança Comum da UE, Catherine Ashton, se mostrou cautelosa e expressou que os líbios devem fazer “sua própria revolução”.
“Deve-se definir muito bem o que queremos dizer por zona de exclusão aérea, porque não se entende o mesmo no mundo todo”, disse Ashton, que preferiu falar de ajuda humanitária, evacuação de cidadãos da UE e fim da violência em vez de ações militares na Líbia.
Ashton também se mostrou prudente sobre o reconhecimento do CNTI como interlocutor do povo líbio, órgão que foi convidado ao plenário do Parlamento Europeu pelo líder dos liberais do partido Alde, Guy Verhofstad.
“É um assunto dos países da UE tomar essa decisão”, assinalou a alta representante, quem delegou no Conselho Europeu extraordinário em Bruxelas para tratar sobre a crise líbia, que será realizada na próxima sexta-feira.
A representante destacou o pacote de ajuda humanitária que está sendo preparado pela UE para o norte da África, mas reconheceu que “se algo pode ser criticado sobre a UE é que ainda precisamos de mais tempo para tomar cada decisão”.
Os eurodeputados – especialmente os Verdes/ALE, os conservadores do PPE, os reformistas do ECR e os membros da GUE – criticaram Ashton, ao personificarem nela os demais importantes funcionários da UE e dos 27 países-membros que conversavam com Kadafi até um mês atrás.
O líder dos Verdes, Daniel Cohn-Bendit, criticou os líderes europeus que tenham sido “cúmplices de ditaduras” e que “não façam autocrítica”.
O eurodeputado belga Der Jank Eppink, dos conservadores e reformistas europeus, mostrou fotografias sobre as saudações efusivas a Kadafi na Europa por parte de personalidades como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, o ex-governante belga Guy Verhofstadt, o presidente permanente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, e o premiê italiano, Silvio Berlusconi.
Ashton se mostrou ofendida com as críticas ao encontro de Van Rompuy com Kadafi depois de o presidente do Conselho Europeu já ter assumido suas tarefas em Bruxelas. A alta representante europeia saiu em defesa de Van Rompuy. “Muitos funcionários de responsabilidade se veem forçados a se reunir com pessoas com as quais talvez não gostariam de fazê-lo. Mas não é por decisão própria”, explicou.
O Parlamento Europeu votará nesta quinta-feira uma resolução conjunta de todos os grupos que pedem “o final do brutal regime de Kadafi” e da violência que está atingindo a população líbia.
O texto reivindica também que os 27 países-membros da UE estendam o embargo e as sanções “à totalidade dos bens de Kadafi e de seus correligionários” e cumprimenta o bloco europeu por impulsionar a investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) pelos supostos crimes de guerra na Líbia desde o início da rebelião.
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